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Omega 3 e 6

  • Foto do escritor: Caio Poletti
    Caio Poletti
  • 3 de mai. de 2020
  • 25 min de leitura

O processo biológico da nutrição nos demonstra que necessitamos da assimilação de nutrientes através da digestão de alimentos para a realização das funções vitais.

Os componentes da dieta humana são divididos em dois grupos: o dos Macronutrientes e o dos Micronutrientes. Estes são compostos pelas vitaminas e minerais, cuja função é reguladora, enquanto que aqueles são compostos pelas proteínas, carboidratos e lipídios, cuja função é energética.

O termo lipídio é usado normalmente para indicar, de uma forma pouco exata, uma ampla variedade de produtos orgânicos que possuem a característica comum de não serem solúveis em água e sim em solventes apolares (hexano, éter, clorofôrmio, etc). Os principais lipídeos incluem triglicerídeos, diglicerídeos, monoglicerídeos, ácidos graxos, colesterol, ésteres do colesterol e fosfolípides (SALEM, 1999).

Outros lipídeos, embora presentes em quantidades relativamente pequenas, participam de papéis importantes como cofatores enzimáticos, carregadores de elétrons, pigmentos, agentes emulsificantes, hormônios e mensageiros intracelulares (LEHNINGER, et al., 1993).

Os Ômega 3 (n-3) e Ômega 6 (n-6) são ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (12-20 carbonos) ou de cadeia muito longa (maiores que 20 carbonos). Os ácidos graxos, no geral, são formados de uma cadeia hidrocarbonada, variando no comprimento, de 2 a 20 ou mais átomos de carbono, com um grupo carboxila (HO-C=O) a um extremo da cadeia e um grupo metílico (CH3) no outro.

Nos últimos anos, muitos estudos e investigações clínicas têm sido realizados sobre o metabolismo dos ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) em geral e sobre os ácidos graxos Ômega 3, em particular. Atualmente, sabemos que estes apresentam um papel importante e efeito benéfico na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, aterosclerose, trombose, hipertrigliceridemia, hipertensão, diabetes, artrite, outros problemas inflamatórios e auto-imunes e câncer (SALEM et al., 1996; UAUY e VALENZUELA, 2000).

Além disso, benefícios na gestação, no desenvolvimento visual e cognitivo na infância, na prevenção da demência senil e da doença de Alzheimer são evidenciados. Dessa forma, segundo RAMOS & RAMOS (2005) os ácidos graxos Ômega 3 parecem ser importantes “do útero à sepultura”.

Os ácidos graxos constituem o principal substrato para o músculo em repouso e durante o exercício de intensidade baixa e submáxima. A molécula de ácido graxo apresenta duas regiões distintas: uma hidrofóbica e uma hidrofílica (LANCHA JR. 2004).

Eles são encontrados no corpo principalmente associados ao glicerol, formando triacilgliceróis.Os ácidos graxos são classificados segundo o número de carbonos presentes na molécula e o número de posição de ligações duplas carbono-carbono.

O Ômega 3 apresenta sua primeira dupla ligação no terceiro carbono a partir do radical metila. Já o Ômega 6 apresenta sua primeira dupla ligação no sexto carbono a partir do radical metila.

Os ácidos graxos Ômega 3 são mais abundantes no reino animal (peixes gordurosos de origem marinha) e em óleos de soja, canola, linhaça e noz. Como regra, admite-se que os ácidos graxos Ômega 3 são mais conservados no pescado segundo a seguinte ordem decrescente: cru > cozido > assado > frito.

Os Ômega 6 são encontrados principalmente em sementes oleaginosas (amendoim, noz e avelã), óleos de milho, girassol e soja.

As duas classes de PUFA (ácidos graxos poliinsaturados) devem ser muito bem diferenciadas, pois são metabolicamente diferentes e possuem funções fisiológicas opostas, deste modo o equilíbrio nutricional é importante para se conseguir a homeostase e desenvolvimento normal do organismo. Um balanço da proporção de n-6/n-3 na dieta é essencial no metabolismo do organismo humano, levando a prevenção de doenças cardiovasculares e crônicas degenerativas e também a uma melhor saúde mental (SIMOPOULOS, 2000).

De acordo com KAMAL-ELDIN et al. (2002) o interesse em Ômega 3 aumentou muito durante as décadas de 70 e 80, através da observação da baixa mortalidade por doença coronária em Esquimós, cuja alimentação inclui grande quantidade de comida de origem marinha. Esse risco de morte por doença coronária também é reduzido em pessoas que comem peixes duas vezes por semana.

O objetivo deste trabalho é, através de uma revisão bibliográfica, discutir a importância dos ácidos graxos poliinsaturado Ômega 3 e Ômega 6 para o crescimento e desenvolvimento adequado do ser humano.

No nosso trabalho analisaremos o histórico, formação, absorção, e as possíveis fontes desses ácidos graxos. Além disso, devido ao grande instabilidade desses compostos verificaremos a possível resposta da utilização de antioxidantes com o objetivo de manter sua integridade.

Também serão discutidos a sua necessidade alimentar e sua razão adequada na prevenção de patologias, como por exemplo, doenças cardiovasculares, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. E a alteração dessa razão pela introdução do gene fat-1 em células de mamíferos.

Por último analisar os efeitos da suplementação de Ômega 3 para o aumento de força muscular.

Os Ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LCPUFAs) Ômega 3 são relativamente abundantes nos organismos de origem marinha, tanto os vegetais (sintetizam) quanto animais (os produzem a partir de precursores de menor complexidade, como o ácido alfa-linolênico; ou através da cadeia alimentar) - (VALENZUELA & GARRIDO, 1998).

Os vegetais terrestres não sintetizam LCPUFAs, ainda que alguns exemplares formem importantes quantidades do precursor, o ácido alfa-linolênico (FITCH-HAUMANN, 1998).

Pode-se dizer que mamíferos estritamente herbívoros são capazes de formar LCFUFAs a partir do ácido alfa-linolênico, abundante na dieta. Entretanto, os estritamente carnívoros são na sua grande maioria, dependentes da dieta para poder obtê-los, pois não podem sintetizá-los na velocidade de seus requerimentos metabólicos (ex: felinos).

Em se tratando de um onívoro, suas necessidades de LCPUFAs dependem em parte da dieta e em parte da capacidade do indivíduo para sintetizar estes ácidos graxos.

O caso do homem é muito particular, e diferente do resto dos mamíferos. A dieta destes últimos, provavelmente, não tem mudado nos últimos 10.000 a 5.000 anos. Porém, a dieta do homem tem sofrido mudanças substanciais, especialmente a partir do século passado (EATON & KONNER, 1985).

A alimentação dos nossos antepassados mais antigos foi principalmente herbívora, uma vez que a alimentação se baseava principalmente naquilo que era obtido e “oferecido” pela terra. Posteriormente, o controle na manipulação do fogo (exclusivo do gênero Homo) lhe permitiu começar a se alimentar com carnes tanto de origem terrestre quanto marinha. Essa utilização do fogo modificou os ossos do rosto, queixo e dentes do Homo, e permitiu-lhe mudar para uma maior biodisponibilidade dos nutrientes da dieta, já que os alimentos começaram a ser consumidos cozidos.

Pode-se dizer que nos primeiros povoados, aquele próximo do mar, é provável que a relação de ingestão de ácidos graxos Ômega 6: Ômega 3 tenha sido muito equilibrada. Porém, aqueles que se estabeleceram longe do mar, a relação deve ter começado a distanciar-se do equilíbrio, por causa da queda do consumo de Ômega 3, cuja principal fonte é a partir de derivados marinhos. Nessa época os óleos também não eram industrializados e cada família os extraia e os mantinha para seu uso pessoal. Portanto, não havia o intercambio entre produtos produzidos por uma família com outra (por exemplo, uma família que morava perto do mar tinha matéria prima para produzir óleos derivados de peixe, enquanto que as famílias que moravam longe faziam óleos a partir de extratos vegetais) (EATON et al. 1998).

A revolução industrial, por sua vez, mudou os hábitos alimentares. Inventaram-se as conservas e foi industrializada a preparação de óleos para fins comestíveis. Estes eram e são preparados a partir de sementes vegetais, ricas em Ômega 6 (soja, milho, algodão, prímula) e com aportes menores de Ômega 3 (soja, algodão), sendo que este é formado apenas pelo ácido alfa-linolênico. Além disso, com a seleção e modificação genética, têm se feito óleos que quase não tem Ômega 3, com o propósito de obter produtos mais estáveis à oxidação, dando maior vida de prateleira ao produto (LIU, 1999). Assim sendo, é de interesse dos produtores elaborar produtos que contenham quantidades cada vez menores de Ômega 3, uma vez que este é muito suscetível à oxidação.


Na atualidade, a maior parte da população de países industrializados consome uma relação de ácidos graxos Ômega 6: Ômega 3 superior a 15:1.

Pode-se dizer que existem diferenças no consumo de peixe, e conseqüentemente de Ômega 3 entre paises com população oriental e ocidental. Por exemplo, a população da Groelândia tem um consumo per capta de 88 kg/ano de peixe, o Japão, um outro país com tradição culinária de produtos do mar tem um consumo de 72 kg/ano. A Noruega tem com 41 kg/ano, Espanha com 38 kg/ano e Portugal com 32 kg/ano. Peru com 22 kg/ano e EUA, com alto índice de industrialização tem consumo de 21 kg/ano.

Têm se estabelecido recomendações para o consumo de Ômega 3. A Fundação Britânica para a Nutrição estima que o consumo diário de EPA+DHA (ácido eicosapentaenóico + ácido decohexaenóico) deve ser entre 1g e 1,25g por dia. Porém estima-se que o consumo esteja em torno de 0,25g/dia. Portanto, pode-se dizer que na alimentação do mundo ocidental existe déficit constante de consumo de LCPUFAs Ômega 3.

Com a preocupação dos governos, está havendo um maior estímulo ao consumo de peixe e de óleos com adequada relação Ômega 6: Ômega 3, uso de suplementação (cápsulas) ou até produtos que são adicionados de Ômega 3. Atualmente é possível encontrar leite em pó (ou líquido), iogurte, bolachas, macarrão, margarina, maionese, chocolate, etc, que contém diferentes quantidades de EPA e/ou DHA e ácidos alfa-linolênico (UAUY & VALENZUELA, 1992). Há também modificações nas dietas de animais, sendo possível aumentar em até 10% o teor de LCPUFAs Ômega 3 da carne dos frangos e porcos, e também o enriquecimento de ovos com Ômega 3.

Os ácidos graxos Ômega 3 e Ômega 6 podem tanto ser absorvidos pela dieta quanto sintetizados a partir de seus precursores. Dessa forma, pode-se dizer que os PUFAs e os LCFUFAs são absorvidos principalmente na forma de monoglicerídeos, os quais são re-esterificados nas células intestinais em triglicerídeos e exportados como quilomicrons. O metabolismo dos quilomicrons na circulação forma os quilomicrons remanescentes, que possuem alta proporção de monoglicerídeos. A captação deles por parte do fígado, permite-lhe adquirir PUFAs e LCPUFAs para suas necessidades metabólicas. Lá, estes ácidos graxos não são utilizados para obter energia, mas sim são conservados e utilizados na síntese de fosfolípides, que são usados na formação de VLDL e exportados para a circulação. Assim todos os tecidos receberão esses ácidos graxos, e os PUFAs serão transformados em LCPUFAs, para que assim estejam disponíveis para cumprir suas funções metabólicas e reguladoras.

Os tecidos que têm a capacidade para biossintetizar LCPUFAs Ômega 3 no homem (fígado, gônadas e em menor escala cérebro e tecido adiposo) o fazem a partir do ácido alfa-linolênico. Este ácido graxo chega às células transportado nas LDL. Uma vez no interior da célula, e depois que se produz à desintegração da LDL, o ácido alfa-linolênico é concentrado no retículo endoplasmático liso. Nas membranas desse sistema encontra-se um grupo de enzimas identificadas como dessaturases e elongases. Elas serão encarregadas de aumentar o número de duplas ligações (dessaturases) e o comprimento da cadeia em 2 carbonos (elongases) do ácido alfa-linolênico e de ácidos Ômega 6 (ácido linoléico) (SPRECHER, 1995). As enzimas mais importantes que participam deste processo são as D6 e a D5 dessaturases e as 18-20, 20-22 e 22-24 elongases.


Após sucessivas dessaturações e elongações o ácido alfa-linolênico se transforma em um ácido graxo de 24 carbonos e 6 duplas ligações. E então esse ácido graxo é transportado ao peroxissoma. Lá, o ácido graxo sofre beta-oxidação que o transforma em Ácido Docosahexaenóico (DHA - C22:6), que pode tanto abandonar o peroxissoma como sofrer novamente beta-oxidação e transformar-se em Ácido Eicosapentaenóico (EPA – C20:5). Esse processo de transformação do C24:6 Ômega 3 a DHA e posteriormente a EPA é conhecido como retroconverção. Além dessa via, pode ocorrer formação de EPA a partir do C20:4, por efeito da D5 dessaturase. Porém não se sabe se ambas as vias estão disponíveis em todas as células.


ANTIOXIDANTES

Antioxidantes são compostos que protegem sistemas biológicos contra os efeitos potencialmente danosos de processos ou reações que promovem a oxidação de macromoléculas ou estruturas celulares (ABDALA, 1993).

O sistema de defesa antioxidante do organismo compreende dois níveis de defesa. O sistema primário constitui-se em uma primeira linha de defesa formada por substâncias que impedem a geração de espécies reativas ou através da retirada das mesmas de forma a impedir sua interação com alvos celulares, ou seja, bloqueiam a etapa de iniciação da cadeia radicalar. Nesse grupo encontram-se as enzimas antioxidantes, substâncias não-enzimáticas (suprimem oxigênio) quelantes e proteínas que transportam metais, impedindo que sejam liberados e catalisem a formação de espécies oxidantes.

No sistema secundário de defesa são encontrados os compostos que atuam bloqueando a etapa de propagação da cadeia radicalar, seqüestrando radicais intermediários.

Os antioxidantes também podem ser classificados em sintéticos e naturais. Os principais antioxidantes sintéticos utilizados habitualmente nos alimentos são os fenóis. A eficácia de um antioxidante está relacionada com muitos fatores, como a energia de ativação, as constantes de velocidade, o potencial de óxido-redução, a facilidade com a qual pode-se destruir ou perder o antioxidante e a sua solubilidade.

Por outro lado, os compostos antioxidantes naturais têm sido isolados de diferentes partes de plantas tais como sementes, frutas, folhas e raízes. Esse tipo de antioxidante pode funcionar como agente redutor, inibidor de radicais livres, como quelantes ou seqüestradores do oxigênio e como desativadores de metais pró-oxidantes (KÄHKÖNEN, et. al., 1999; RICE-EVANS et al., 1995; PRATT, 1992).

Sendo uma das características dos antioxidantes retardar o desenvolvimento de sabores e odores desagradáveis ocasionados pela oxidação de ácidos graxos insaturados, usualmente presentes como triacilgliceróis ou lipídeos polares, hoje em dia há uma tendência geral, no processamento de alimentos, de substituir os antioxidantes sintéticos pelos inibidores da oxidação natural ou pelo uso preferencial de ingredientes que naturalmente possuem atividade antioxidante (TSALIKI, et.al.,1999).

Além disso, CALVERT & DECKER (1992) sugeriram que uma combinação de antioxidantes é mais efetiva que o uso de apenas um antioxidante. Uma combinação de antioxidantes incorporado em alimentos enriquecidos com n-3 minimizou a oxidação lipídica sem alteração do perfil dos ácidos graxos.

Apesar da atração pela incorporação de Ômega 3 em alimentos, é muito difícil protege-los da oxidação. Infelizmente, de acordo com KAMAL-ELDIN et al. (2002) esse problema não é de fácil solução pelo uso de antioxidantes naturais. Pode-se dizer também que essa alta suscetibilidade à oxidação deve-se principalmente ao alto índice de insaturações presentes nesses ácidos graxos.

Dessa forma, é evidente que o processo de oxidação não pode ser resolvido apenas pela adição de antioxidantes, mas sim é necessário controlar outros fatores físicos que catalisam esse processo de oxidação. Portanto, para KAMAL-ELDIN et al. (2002) é necessário minimizar a exposição desses ácidos graxos Ômega 3 ao ar, à luz e às altas temperaturas durante os processos de produção e estocagem.

Os ácidos graxos Ômega 3 e Ômega 6 podem tanto ser sintetizados a partir de seus precursores (ácido linoléico e ácido alfa-linolênico, respectivamente) quanto ingeridos diretamente a partir da dieta. Possíveis fontes de Ômega 6 incluem óleos de milho, girassol e soja. Alem dessas fontes, podemos encontrá-los também em algumas sementes oleaginosas (amendoim, noz e avelã) e em alguns cereais.

Já as fontes de Ômega 3 incluem nozes, milho, algumas sementes (soja, canola e linhaça) e seus respectivos óleos. Podemos também encontrá-lo em vegetais como a rúcula, e principalmente em peixes gordurosos (como Anchova, Bacalhau, Arenque, Cavala, Salmão, Atum, Sardinha e Truta) e seus respectivos óleos.



Além dessas fontes, esses ácidos graxos podem ser consumidos através de suplementação específica. Existem nos mercados internacional e brasileiro produtos enriquecidos com pequenas quantidades de ácidos graxos n-3, especialmente leites, iogurtes, ovos, fórmulas lácteas, margarinas e outros.

Os PUFAs Ômega 6 de origem dietária ou provenientes dos depósitos celulares podem seguir uma transformação metabólica muito similar a dos Ômega 3. Esta transformação também ocorre no retículo endoplasmático e utiliza as mesmas enzimas que os PUFAs Ômega 3, sendo possível a formação de um produto final, também de 24C, porém Ômega 6, e que possui 5 duplas ligações.

Entretanto, o destino desses ácidos graxos Ômega 6 é diferente: o produto final mais importante da via metabólica seria o ácido araquidônico (AA - C20:4), o qual é incorporado aos fosfolipídios que formam as membranas celulares, para ser posteriormente transformada em eicosanóides (prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos), moléculas que cumprem importantes funções reguladoras nos diferentes tecidos (HARRIS, W., 1997)


Uma análise da figura 4 permite concluir que deve existir um equilíbrio entre o aporte de ácido linoléico e ácido alfa-linolênico por parte da dieta. Por exemplo, o excesso de ácido linoléico vai impedir, por motivos de concorrência com as dessaturases e elongases, a transformação do ácido alfa-linolênico. Essa concorrência entre os ácidos está determinada pela afinidade da enzima D6 dessaturase por ambos os ácidos graxos. Como a enzima tem maior especificidade pelos Ômega 3, precisará de menores quantidades destes ácidos que dos Ômega 6 para produzir a mesma quantidade de produto (MADSEM et al., 1999). Isso se deve à dieta ocidental ser deficitária em seus precursores (Ômega 3).

Excesso de ácido linoléico na dieta pode diminuir a formação de DHA pela inibição da D6 dessaturase (baseado em um estudo com ratos submetidos a uma dieta alta em n-6 que diminuíram a expressão do gene para formação da D6 dessaturases 50%). EMKEN et al. Demonstraram que em humanos uma quantidade alta de ácido linoléico na dieta diminui a formação de n-3 LCPUFAs em 50%. Uma razão de ácido linoléico/ácido alfa-linolênico muito baixa aumenta o uso de ácido alfa-linolênico na produção de LCPUFAs.

Pode-se dizer que o metabolismo dos ácidos graxos das séries Ômega 3 e Ômega 6 resultam em eicosanóides, cujo caráter destes é pró-inflamatório e daqueles é antiinflamatório.

Essas moléculas exercem um complexo controle sobre diversos sistemas do organismo humano, especialmente na inflamação, imunidade, e como mensageiros do sistema nervoso central. A quantidade desses ácidos graxos na dieta de uma pessoa afeta as funções controladas pelos eicosanóides no organismo dela, podendo afetar o sistema cardiovascular, a quantidade de triglicerídeos e a pressão arterial. Drogas antiinflamatórias, como a aspirina e NSAIDs agem diminuindo a síntese de eicosanóides.

Além disso, NELSON & COX (2000) relatou que estes eicosanóides estão envolvidos na função reprodutiva, na inflamação, febre, dor associada à lesão ou doença, formação das plaquetas e regulação da pressão arterial, secreção de ácidos gástricos, e uma variedade de outros processos importantes na saúde ou doença humana.

Existem quatro famílias de eicosanóides: as prostaglandinas, as prostaciclinas, os tromboxanos, e os leucotrienos. Para cada uma há duas ou três séries separadas, derivadas de um ácido graxo n-3 ou n-6. As diferentes atividades dessas séries explicam os efeitos benéficos do n-3 e n-6 para a saúde.

A razão n-6/n-3 modula o balanço entre prostanóides (prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos) de série 2, derivados de AA, e de série 3, derivados de EPA. Eicosanóides de série 2 promovem inflamações, agregação de plaquetas e ativa a resposta imune, enquanto os de série 3 amenizam esse efeito.


Prostaglandinas:

Toda prostaglandina contém 20 átomos de carbono, incluindo um anel de 5 carbonos. Elas são mediadoras e possuem uma série de fortes efeitos fisiológicos; embora tecnicamente sejam hormônios, elas raramente são classificadas como tais.

As prostaglandinas causam uma maior permeabilidade capilar e também tem o poder da quimiotaxia, atraindo células como macrófagos especializados na fagocitose de restos celulares resultantes durante o processo inflamatório.

Prostaciclinas:

Prostaciclina é a responsável pela atividade antiagregante plaquetário e vasodilatadora. É também chamada de PGI2.

Tromboxanos:

Tromboxanos são assim nomeados em referência à sua capacidade de formar trombos. Eles são vasoconstritores e potentes agentes hipertensivos, além de facilitarem a agregação plaquetária. Normalmente encontram-se num equilíbrio homeostático no sistema circulatório, juntamente com as prostaciclinas.

Medicamentos que contém ácido acetilsalicínico (como a aspirina) agem inibindo a capacidade de sintetizar precursores dos troboxanos nas plaquetas. Como efeito colateral, pessoas que tomam aspirina regularmente podem sofrer hemorragias com maior freqüência.

Leucotrienos:

Os leucotrienos são extremamente potentes na constrição da musculatura lisa. Como as vias aéreas periféricas dos pulmões são sensíveis, é possível administrar esse tipo de substância a pacientes com dificuldades respiratórias, como os asmáticos. Além disso, os leucotrienos participam nos processos de inflamação crônica, aumentando a permeabilidade vascular e favorecendo, portanto, o edema da zona afetada.

Portanto, para SIMOPOULOS (2006) uma dieta rica em n-6 altera o estado fisiológico para um pró-trombótico e pró-agregatório, que aumenta a viscosidade do sangue, vasoespasmos e vasoconstrição e diminui o fluxo sanguíneo.

Trabalhos experimentais indicam que fontes de n-3 PUFA na dieta têm um efeito benéfico primário e secundário na prevenção de aterosclerose, tromboses, hipertrigliceridemia e hipertensão. A redução da agregação das plaquetas pode ser explicada pela mudança no metabolismo dos eicosanóides de AA para EPA. Prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos formados a partir de EPA diminuem a viscosidade do sangue e a agregação das plaquetas, promovem vasodilatação, e também inibe a formação de VLDL e a resposta inflamatória e alérgica.

Para SIMOPOULOS (2000), a ingestão de EPA e DHA de peixes e óleos de peixes leva a um: 1) diminuição na produção de metabólitos de prostaglandinas E2; 2) diminuição na concentração de tromboxanos A2, um potente agregador de plaquetas e vasoconstritor; 3) diminui a formação de leucotrienos B4, indutor da inflamação; 4) aumento na concentração de tromboxanos A3, um fraco agregador de plaquetas e vasoconstritor; 5) aumento na concentração de prostaciclinas PGI3, levando a um aumento total de prostaciclinas (vasodilatador e inibidor da agregação das plaquetas); e 6) aumenta a concentração de leucotrienos B5, um fraco indutor de inflamação.

ÔMEGA 3 E DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Doença da artéria coronária (CAD) é causada por uma trombose, que acontece com a ruptura da placa de aterosclerose, na artéria coronária. Essa placa de aterosclerose é mais propensa a se romper dependendo de sua composição, com mais lipídeos e macrófagos e menos tampão fibroso ela terá uma probabilidade maior de rompimento. Os resultados de estudos epidemiológicos e de experimentos clínicos indicam que doses moderadas dos ácidos graxos n-3 reduzem o risco das doenças cardiovasculares e podem melhorar os prognósticos de doenças.

A aterosclerose coronária é responsável pela alta mortalidade de indivíduos após os 40 anos de idade, representando o infarto do miocárdio, a maior causa de morte nesse grupo etário.

Há evidencias de estudos que ingestão de ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) de fontes marinhas reduz o risco de CAD, e que a quantidade de n-3 na dieta, sangue e nos tecidos tem uma relação inversa com ocorrências de doenças da artéria coronária (CAD).

Possíveis maneiras em que o Ômega 3 reduz o risco de doença cardiovascular:

- Diminui o risco de arritmias

- Diminui os leveis de Triglicerídeos

- Diminui o aparecimento de placas aterosclerose

- Diminui (pouco) a pressão sanguínea

Dieta com n-3 reduz a reatividade das plaquetas, em parte por uma inibição na produção de tromboxanos. A produção de leucotrienos pró-inflamatórios, a reação de neutrófilos, de citocinas e mitógenos que aumentam a inflamação e promovem a formação de placas, são reduzidos por n-3. Outros efeitos em prevenir a aterosclerose e a trombose incluem a redução na atividade dos leucotrienos e aumentam a função das células das paredes dos vasos sanguíneos (SCHMIDT, 1997).

Fosfolipases liberam, das membranas celulares, AA e EPA que produzem eicosanóides. Prostanóides e leucotrienos derivados de LCPUFAs têm um papel importante na modulação de inflamações, respostas imunes, agregação de plaquetas, tromboses e fenômenos alérgicos. O balanço entre AA e EPA na membrana é regulado pela dieta. A razão n-6/n-3 modula o balanço entre prostanóides de série 2, derivados de AA, e de série 3, derivados de EPA. Eicosanóides de série 2 promovem inflamações, agregação de plaquetas e ativam a resposta imune, enquanto os de série 3 amenizam esse efeito.

Trabalhos experimentais indicam que fontes de n-3 PUFA na dieta têm um efeito benéfico primário e secundário na prevenção de aterosclerose, tromboses, hipertrigliceridemia e hipertensão. A redução da agregação das plaquetas pode ser explicada pela mudança no metabolismo dos eicosanóides de AA para EPA. Prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos formados a partir de EPA diminuem a viscosidade do sangue e a agregação das plaquetas, promovem vasodilatação e a sensitividade à insulina, também inibe a formação de VLDL e a resposta inflamatória e alérgica. Efeitos são evidentes com doses de 5 a 30g de óleos marinhos ou 2 a 10g de EPA por dia (SIMOPOULOS, 1998).

LEAF (1995) demonstrou que os miócitos se tornam menos excitáveis e mais resistentes ao estímulo b-adrenérgicos devido a uma modulação nos canais de Na+, com uma dieta com n-3 e n-6, mais proeminente com n-3.

NILSEN et al. (2002) realizou um experimento com 300 pacientes com infartos do miocárdio agudo. A eles foram atribuídos aleatoriamente doses diárias de 4 g de ácidos graxos n-3 ou óleos de milho (n-6) altamente concentrado, durante 12-24 meses. Os resultados obtidos foram os seguintes: apenas 42 pacientes (28%) do grupo n-3 e 36 (24%) no grupo do óleo de milho tiveram ao menos um evento cardíaco (morte cardíaca, ressucitação, MI recorrente, ou angina instável). Esses resultados mostram que a implementação de n-3 na dieta diminuiu o risco de incidências de novos eventos cardíacos.

LAIDLAW and HOLUB (2003) mostra que uma queda, de 24% a 43%, no risco de infarto de miocárdio, a 32 mulheres com idades entre 36 e 68 anos submetidas a uma suplementação contendo 1100mg de óleo de peixe, ajustada para que cada uma recebesse 4g de EPA+DHA.

Estudos sugerem que a ingestão de EPA+DHA entre 0,5g e 1,8g por dia reduz as mortes por problemas cardíacos. Já o ácido alfa-linolênico, uma ingestão de 1,5g – 3g mostrou-se beneficial (VALENZUELA, 2000).

A acentuação da peroxidação lipídica das LDL pelo efeito do n-3 faz sentido lógico, considerando o maior número de duplas ligações nas moléculas desses ácidos. Em conseqüência, acentua-se a peroxidação da parede arterial e, por este mecanismo, somado à elevação do colesterol plasmático, compromete-se à função endotelial. De acordo com este raciocínio a administração em excesso de ácidos graxos Ômega 3 deve induzir a aterogênese e agravar a aterosclerose. Portanto o aumento do consumo de n-3 deve ser acompanhado de um aumento de antioxidantes. Entretanto, deve-se considerar o especial efeito destas substâncias sobre a agregação plaquetária, a fibrinólise e a formação das prostaciclinas, que poderá compensar os efeitos adversos sobre a aterogênese.

ÔMEGA 3 E NÍVEL DE LIPÍDEOS PLASMÁTICOS

A primeira indicação de que os lipídeos são essenciais para o crescimento saudável dos animais foi proposta por ARON em 1918, ele propôs que a manteiga possui um valor nutritivo relacionado aos seus conteúdos lipídeos. O conceito de que alguns ácidos graxos são essenciais para o crescimento e desenvolvimento dos animais foi demonstrado por BURR and BURR na década de 1930. A essencialidade do n-3 e n-6 para humanos são mais bem demonstrados pela inabilidade dos tecidos animais de introduzir uma dupla ligação nas posições de n-1 até n-9.

Trabalhos experimentais indicam que fontes de n-3 PUFA na dieta inibem a formação de VLDL e diminuem os lipídeos plasmáticos. Dieta rica em n-3 diminui os níveis de triglicérides plasmáticas e ligeiramente diminui a pressão sanguínea e aumenta o HDL-colesterol, e não possui efeito sobre os LDL-colesterol.

Tem-se verificado, de outro lado, que a redução do colesterol plasmático, é capaz de reduzir em até 50% a ocorrência de eventos, como infarto fatal e não fatal, decorrentes da estabilidade da placa de aterosclerose e a preservação da função endotelial. Pode-se dizer que elevações na concentração de triacilglicerol é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares e infarto em mulheres.

Óleos marinhos demonstraram efeitos em diminuir triglicérides, diferente dos n-6 que diminuem o LDL-colesterol. Estudos mostram que óleos de peixe inibem a síntese hepática de triglicérides e a secreção de VLDL, diminuindo a produção, pois não afetam a atividade das enzimas lipase lipoprotéica e da lipase hepática. N-3 não afetam os níveis de LDL, mas em indivíduos hipercolesterolêmicos aumentam esses níveis, isso pode ocorrer por um aumento na suscetibilidade das VLDL as lípases (VALENZUELA, 2000).

n-3 reduz a expressão de enzimas lipogênicas no fígado mediada pela ativação do peroxisome proliferator-activated receptor (PPAR), que possui várias isoformas (a, b e g) encontradas em diferentes tecidos e com diferentes efeitos metabólicos. Os principais efeitos dos receptores nucleares PPAR são o aumento da oxidação de ácidos graxos, diminuição dos níveis de triglicérides plasmáticas, aumento da tolerância à glicose e proliferação de peroxissomos, importantes no metabolismo de ácidos graxos e síntese de LCPUFAs a partir de EFAs. O aumento de ácidos graxos trans e/ou saturados, relativo aos níveis de n-3 LCPUFAs, afeta a atividade dos PPAR, aumentando a síntese e diminuindo a oxidação de ácidos graxos (ácidos graxos com 24 ou mais átomos de carbono são metabolizados inicialmente no interior dos peroxissomos), e previne a formação de LCPUFAs por afetar os peroxissomos (HERTZ et al., 1998).

Em humanos com hipercolesterolemia e níveis normais de triglicérides, os efeitos dos ácidos graxos Ômega 3 sobre o LDL e HDL-colesterol são inaparentes (LEAF and WEBER, 1998).

Em um experimento de VALENZUELA (2000) coelhos da raça Nova Zelândia hipercolesterolêmicos foram divididos de forma aleatória em dois grupos de sete animais: grupo controle (H) e grupo com suplementação Ômega 3 (n-3). Todos os animais foram alimentados com 100g de ração ao dia, durante 30 dias. Ácidos graxos Ômega 3 (ácido eicosapentaenóico-EPA e ácido graxo docosahexanaenóico-DHA) foram administrados na dose de 300mg/kg/ dia (EPA=180mg e DHA=120mg), nos últimos 15 dias de dieta. Observou-se aumento significante do colesterol total plasmático (21%), das VLDL (42%) e redução dos valores das triglicérides (31%) no grupo n-3. Não ocorreram variações significantes para os valores do LDL-colesterol e HDLcolesterol plasmáticos.

Um estudo realizado com o óleo da planta Echium mostrou que ela parece possuir as propriedades hipotrigliceridemicas associadas tipicamente com os óleos dos peixes (SURETTE et al., 2004). Pacientes foram instruídos consumir 15 g/dia do óleo de Echium durante 4 semanas. Durante o período do tratamento, as concentrações do soro triacilglicerol diminuíram 21,8% dos 11 participantes do experimento tiveram uma diminuição no nível do soro triacilglicerol que variam de 13% a 52% com uma diminuição de uma linha de base de 30%. Assim SURETTE et al. (2004) concluiu que as concentrações das cadeias longas (n-3) de PUFA incluindo EPA aumentaram no plasma e nos neutrófilos quando ocorreu o consumo do óleo de Echium.

FINNEGAN et al. (2003) realizou um estudo, onde ele recrutou 150 sujeitos com a lipidemia moderada, estes foram expostos a diferentes intervenções de ácidos graxos, sendo elas: 0.8 ou 1.7 g EPA+DHA/dia, 4.5 ou 9.5 g ALA/dia, ou n-6 PUFA (grupo controle) durante 6 meses. Os ácidos graxos foram incorporados através de 3 cápsulas/dia. Os resultados obtidos mostraram que as mudanças na absorção imediata ou pós-prandial de lipídios, glicose, concentrações de insulina ou pressão sangüínea não era significativamente diferente quando comparados o grupo n-3 PUFA com o controle de n-6 PUFA. A mudança média em degradação de triacilglicerol após a intervenção de 1 EPA+DHA (-7.7 ± 4.99%) era significativamente diferente da mudança após a intervenção do ALA (± 10.9 4.5%). A sensibilidade de LDL à oxidação foi mais elevada após a intervenção de EPA+DHA do que após a intervenção de n-6 (controle) e ALA. Não havia nenhuma mudança significativa na concentração do plasma ou no status antioxidante do plasma inteiro em nenhum dos grupos. Pode-se assim concluir que em doses biológicas equivalentes e estimadas, o ALA e EPA+DHA têm diferentes efeitos fisiológicos.

FETT et al. (2001) se propôs a avaliar os efeitos dos ácidos graxos Ômega 3 (n-3) e triglicerídios de cadeia média (TCM) sobre a força de indivíduos em treino hipertrófico de musculação.

Foram selecionados em academias de musculação doze indivíduos jovens entre 18 e 40 anos, do sexo masculino. Os parâmetros de inclusão no experimento foram considerados: período mínimo de onze meses de prática em exercícios de musculação, estar em fase de treinamento para hipertrofia muscular, não ser fumante, não ser elitista e não fazer uso de esteróides anabólicos ou similares.

O estudo foi realizado em duas fases:

a) fase pré-suplementação (F1) com duração de 28 dias. Foi feito um ajuste dietético isocalórico e perdurou por todo o estudo. Esta fase teve como propósito ajustar o treinamento e dieta dos indivíduos, e equiparar os níveis de condicionamento muscular dos atletas.

b) fase suplementada (F2) com duração de 28 dias. Os indivíduos foram divididos em dois grupos, um recebendo 4g/dia de n-3 (G n-3) e outro 4g/dia de TCM (G TCM), sendo estas as únicas alterações incluídas no protocolo, mantendo-se o mesmo treinamento e dieta do período F1.

Após os primeiros 28 dias (final da fase de adaptação – F1), foi feita uma avaliação da composição corporal, que foi novamente realizada ao final do período de intervenção dietética.

Segundo FETT et al. (2001) foi possível observar que houve um aumento do peso corporal, acompanhado pela não ocorrência de mudanças significativas na porcentagem de gordura corporal (em ambos os grupos)

Tabela 1. Idade (anos), peso (kg), IMC, % de gordura, nos momentos 1 e 2, para os grupos n-3 e TCM


Nomenclatura:

IMC: Índice de massa corporal

%G a: Percentual de gordura estabelecido por antropometria

%G b: Percentual de gordura estabelecido por bioimpedância

Além disso, o grupo n-3 teve um considerável aumento da massa muscular (1,4 kg). Juntamente com esse aumento, FETT et al. (2001) relatou um aumento de força, estabelecido pelo teste de 1 RM, sendo que na fase suplementada (F2), o aumento foi significativamente superior em relação à fase não suplementada (F1). Pode-se verificar ainda um aumento também no grupo TCM.

Tabela 2. Massa muscular e massa magra, nos momentos 1 e 2, para os grupos n-3 e TCM


Nomenclatura:

M.Mu. a: Massa muscular estabelecida por antropometria

%M.Mu a: Percentual da massa muscular em relação ao peso, estabelecido por antropometria.

M.Ma b: Massa muscular estabelecida por bioimpedância

%M.Ma b: percentual da massa muscular em relação ao peso, estabelecido por bioimpedância.

Outra mudança evidenciada foi o aumento significativo da testosterona livre após exercício extenuante. A testosterona relaciona-se com ao aumento de força e massa muscular (GRUNDING & BACHMANN, 1996). Além disso, pode-se dizer que a forma livre dela é a forma biologicamente ativa da testosterona plasmática (DEVLIN, 1997). Este fato pode ter contribuído para o aumento de força do grupo Ômega 3.


Nomenclatura:

M1a: valores obtidos antes do teste de exaustão

M1d: valores obtidos depois do teste de exaustão

Porém, segundo FETT et al. (2001) não se pode, todavia, descartar os efeitos retardados do treinamento pela falta de grupo controle. Concluiu-se que no período suplementado o aumento de força foi significativamente maior que no pré-suplementação.

ÔMEGA 3 E PESQUISAS GENÉTICAS

Como pesquisas recentes têm mostrado que a razão n-6/n-3, além da quantidade de n-3 na dieta, possui vários efeitos benéficos, incluindo cardio-protetor, antiinflamatório e anticâncer. Como esta razão na dieta ocidental é por volta de 15-20:1, indica a deficiência em n-3 e excesso em n-6.

Para mudar este aspecto, vem sendo feitos pesquisas com o gene fat-1, codificador da enzima n-3 dessaturase, ausente em células de mamíferos. Funcionalmente a n-3 dessaturase pode introduzir uma dupla ligação em um n-6 na posição do terceiro carbono a partir do grupo metílico, formando um n-3.

Experimentos com o intuito de introduzir o gene fat-1 em células de mamíferos (incluindo células do coração, neurônios, endotélio e células humanas de câncer de mama) utiliza um vírus como mediador contendo o gene fat-1 e um gene de uma proteína verde fluorescente para saber quais células foram afetadas.

KANG et al. (2001) mostra que 48 horas após a infecção, mais de 90% das células exibiram um brilho fluorescente, indicando uma alta eficiência do vírus. Pela extração de lipídeo celular mostra que nas células expressando o gene fat-1, todos os tipos de n-6 foram largamente convertidos em n-3 correspondentes, mudando a razão n-6/n-3, rapidamente, de 9-15:1, nas células controle, para 1:1. Também mostra uma queda de 30-50% na produção de PGE2, um eicosanóide derivado do AA (C20:5, n-6).

Este estudo mostra que a n-3 dessaturase introduzida pelo vírus pode providenciar os efeitos benéficos do n-3 (diminuindo arritmias e respostas inflamatórias e aumentando a apoptose de células cancerígenas e a sobrevivência de neurônios contra a isquemia)

Assim o gene fat-1 mostra um potencial no tratamento de pacientes que correm risco de vida por doenças cardiovasculares e câncer.Essa terapia genética também pode ser utilizada para produzir alimentos enriquecidos com n-3 como carne leite e ovos, gerando animais transgênicos como vaca, porco e galinha.

Ácidos graxos Ômega 3 são essenciais no crescimento e no desenvolvimento durante todo o ciclo de vida e são componentes importantes de praticamente todas as membranas celulares. Visto que as proteínas celulares são determinadas geneticamente, a composição do ácido graxo poliinsaturado das membranas da célula é na maior parte das vezes dependente na entrada dietética. Uma entrada elevada dos ácidos graxos n-6 desloca o estado fisiológico para um que é protrombótico e proagregatório, caracterizado por aumentos na viscosidade do sangue, no vasoespasmo, e na vasoconstrição. Os ácidos graxos n-3, entretanto, têm propriedades antiinflamatória, antitrombótica, antiarritmia, hipolipidêmico, e vasodilatador. Uma relação Ômega 6/ Ômega 3 elevada promove muitas doenças, incluindo doenças cardiovasculares, o câncer, a osteoporose, e doenças inflamatórias e autoimune, enquanto níveis aumentados dos ácidos graxos poliinsaturados Ômega 3 (uma relação n-6/n-3 mais baixa), exerce efeitos supressivo. Aquele tipo de dieta é encontrado em dietas ocidentais de hoje. Logo ácidos graxos Ômega 3 deve ser incluídos nas dietas de todos os seres humanos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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