Intro a Psicologia
- Caio Poletti
- 3 de mai. de 2020
- 7 min de leitura

Uma Nova Introdução
A psicologia, como ciência, surgiu recentemente. Para ela ser reconhecida cera preciso mostrar qual era seu objeto próprio e métodos adequados ao estudo desse objeto, como qualquer outra ciência independente.
Houve uma dificuldade enorme para responder essas questões, pois na Antiguidade a Filosofia tratava do comportamento do “espírito” e da “alma” do homem; na Idade Moderna físicos, anatomistas. Médicos e fisiologos trataram de áreas da psicologia de hoje, além de surgir ciências da sociedade que também tratavam do comportamento humano, nessa época.
Portanto parecia que nada restava para a psicologia, já que seus temas estavam dispersos. Porem, a partir do séc XIX, surgiram pessoas que colocaram a psicologia em território próprio, sendo reconhecida graças aos seus discípulos e espaços em instituições de ensino e pesquisas. Esse lugar aparte entre as ciências biológicas e da sociedade, permitindo uma multiplicidade de ângulos e abordagens.
Alguns acontecimentos foram necessários para haver esse reconhecimento.Um deles foi no séc XIX quando houve uma desagregação das velhas tradições e uma proliferação de novas alternativas, que causaram uma perda de referencias coletivas, como a religião, “raça”, “povo”, a família ou uma lei confiável, obrigando o homem a construir referencias interna. A conseqüência desse contexto é o desenvolvimento da reflexão moral.
Porém esse processo de reflexão, gerando um aprofundamento da experiência subjetiva privativa, não ocorreu de forma linear pelo qual passou as sociedades humanas. Como um todo, essa experiência se torna cada vez mais determinante na consciência dos homens da sua própria existência.
Tendo em vista que na Antiguidade era pouco que podiam gozar da liberdade para se reconhecer como seres autônomos, capazes de iniciativa, dotados de sentimentos e desejos próprios. E hoje em dia é o contario, resistimos a idéia de que não tenhamos controle de nossas vidas. Mas em alguns aspectos essa imagem é ilusória. E convém a psicologia discuti-la e revelá-la.
Subjetividade na Modernidade
Como visto anteriormente, a perda desse sentimento de comunhão com uma ordem superior traz uma grande sensação de liberdade e a possibilidade de uma abertura sem limites para o mundo, mas por outro lado, deixa o homem perdido e inseguro.
Em um ambiente que não se podia esperar um conselho de alguma autoridade o homem escolhia seu caminho e arcava com suas conseqüências. Houve então uma grande valorização do “Homem”, passando a ser o centro do mundo.
Uma das causas disso foi o surgimento da imprensa, difundindo a leitura silenciosa, criando um dialogo interno que se desenvolve a construção de um ponto de vista próprio. A religiosidade pode se tornar uma questão intima, já que cada vez mais as pessoas podiam ter acesso diretamente aos textos sagrados.
Toda a falta de referencias da sociedade, fez renascer uma filosofia chamada de ceticismo. Ela achava que era impossível que pudéssemos obter algum conhecimento seguro sobre o mundo, pois qualquer afirmação pode ser oposta à outra de igual valor.
Essa descrença somada ao individualismo presente se deu a uma procura no âmbito das experiências subjetivas para se estabelecer novas e mais seguras bases para as crenças e ações humanas.
Autores chegaram reescrever o Gênese, dizendo a que liberdade era o dom exclusivo que deus deu para o homem, tentando a imposição de dirigir essa liberdade com muita disciplina a um caminho reto.
Ainda na tentativa da busca por um conhecimento seguro de verdade, Descartes foi um marco para contituir do modernismo. Par isto utilizou-se o instrumento cético: a duvida. Sua intenção era por qualquer idéia a uma duvida metódica. Assim concluindo a reação racionalista que no momento em que duvida, existe ao menos a ação de duvidar, e essa requer um sujeito, nascendo à famosa frase “penso, logo existo”, contrariando os céticos.
Agora a verdade significa adquirir uma representação correta do mundo, e essa é interna, sendo o sujeito um elemento transcendente capaz de produzir um conhecimento objetivo do mundo.
Bacon, contemporânea de Descartes, foi o fundador do moderno empirismo. Ele defendia a idéia de que era necessário dar a razão uma base nas experiências dos sentidos, na percepção desde de que essa tenha sido purificada, liberada de erros e ilusões a que esta submetida no cotidiano. Ele como Descartes, preocupava-se muito com o método utilizado.
A Crise da Modernidade e da Subjetividade.
A crença de que o homem pode atingir a verdade absoluta e indubitável, desde que siga estritamente os preceitos do método correto, seja ele o racional de Descartes ou o empírico de Bacon, acabou por ser criticada no século seguinte.
Hume me, um dos grandes filósofos da época chega a negar que o “eu” seja algo estável e substancial, sendo muito mais o efeito de suas experiências do que o senhor de suas experiências. Kant, outro filosofo da época, afirma que o homem só tem acesso as coisas tais com se apresentam para ele, chamado isto de “fenômeno”. De um lado ele crê na capacidade do homem conhecer a verdade absoluta, de outro toda questão de conhecimento é colocado em termos subjetivos, pois tudo que é “conhecível” repousa na subjetividade humana.
Ainda no final do séc XVIII o Romantismo nasceu como uma critica ao iluminismo, e com ele a idéia cartesiana de que o homem é essencialmente racional, é contraposta a idéia de que o homem é um ser passional e sensível. Assim o Romantismo é um momento essencial do sujeito moderno pela destituição do “eu” de seu lugar privilegiado de senhor, soberano. Paradoxalmente há uma grande valorização da individualidade e da intimidade.
Ao longo do séc XIX a idéia de que o comportamento do homem é determinado por leis que não pode controlar e de que o homem é um ser natural como os demais, não possuindo uma origem distinta.
Quando Nietzsche desloca o homem do centro do mundo , como a idéia de haver um centro, denuncia o caráter ilusório do fazer humano.Porem essa ilusão não foi substituida por nada, pois não existe nada para substitui-la. Mas a questão para ele era saber o quanto essa ilusão se mostra útil a expansao da vida.
Sistema Mercantil e individualização
Neste momento há um sistema social e econômico que carrega consigo conflitos e transformações: o sistema mercantil plenamente desenvolvido.
Isso de da pelo desenvolvimento de uma produção de troca em que cada um produz aquilo que esta mais capacitada. Isso é uma forte característica da experiência da subjetividade privada.
A forma de compra e venda como é dado, todo mundo quer ser mais esperto, vender mais caro e comprar mais barato. Os interesses de cada produtos são para ele mais importantes do que os interesses da sociedade como um todo.
Ideologia liberal iluminista, romantismo e regime disciplinar.
A ideologia liberal tem como principal idéia que os homens são iguais em capacidade e devem ser iguais em direitos, sendo assim todos devem ser livres. Reconhecendo a diferença entre indivíduos essa é exatamente a liberdade de ser diferente.
Isso acarretou em uma enorme responsabilidade que implica ser singular, ter interesses particulares, ser diferente, ser livre.
A crise da subjetividade privativa
A crise da subjetividade privativa foi uma das condições para que surjam projetos de psicologia cientifica.
Ela se da quando se descobre que a liberdade e a diferença são ilusões. Descobrindo a presença disfarçada das disciplinas em todas as esferas de vida.
Ao lado disso, há a necessidade de saber o que somos, quem somos, como somos, porque agimos de tal maneira.
O Estado tem a necessidade de prever e controlar sujeitos individuais, na educação e o trabalho. Surge desse modo a necessidade de uma psicologia aplicada.
PRJOETOS DE PSICOLOGIA
Wundt
A psicologia, para ele, é uma ciência intermediaria entra as ciências da natureza e as ciências da cultura.
Tendo como objeto da psicologia a experiência imediata dos sujeitos.
Isso se da por meio de analises dos fenômenos culturais, onde se manifestam processos superiores da vida mental, utilizando métodos comparativos da antropologia e da filologia.
Ele acabou criando as bases para 2 psicologias: psicologia fisiológica experimental e a psicologia social.
Titchener
Ele coloca a psicologia no campo das ciências naturais. O objeto é a experiência dependente de um sujeito. E não mais a experiência imediata. Não nega a existência de uma mente, mas esta perde sua autonomia: depende do sistema nervoso. Para ele era possível fazer psicologia usando exclusivamente métodos das ciências naturais: a observação e experimentação.
A observação se daria sob a forma de auto-observaçao ou introspecção.
Psicologia funcional
Oposição à psicologia titicheneriana, porem também situando entre as ciências naturais. O interesse era estudar os processos, operações e atos psíquicos como forma de interação adaptativa. O que interessa é o conhecimento útil.
O comportamentalismo
Essa parte da psicologia é uma completa oposição á psicologia de Titchener e em relativa oposição ao funcionalismo.
Pois o objetivo desta psicologia cientifica já não é a mente e sem o próprio comportamento e sua interação com o meio.
O método é de observação e experimentação, evitando a auto-observação. Definindo como a ciência do comportamento.
Essa ciência ignorou a experiência imediata, e o sujeito do comportamento é apenas um organismo não levando em conta a vivencia do organismo.
O que interessa é o comportamento útil como no funcionalismo, porque se comportar é interagir adaptativamente com o meio.
Gestalt
Não nega a experiência subjetiva, procuram compreende-la e explica-la. Usava a experiência imediata tal como se dava ao sujeito, o método fenomenológico,
Essa é uma descrição dos fenômenos, antes de qualquer reflexão ou conhecimento, portanto nenhuma analise.
Assim eles tentavam transpor a experiência imediata e relaciona-la com o mundo físico e fisiológico.
Skinner
Não rejeitava a experiência imediata, mas tratava de entender sua gênese e sua natureza. Investigava em que condições a vida subjetiva privativa se desenvolve, remetendo as relações sociais. Tudo é uma construção social, ate o mundo privado, pois a sociedade é uma construção de tudo. Ele pode ser caracterizado como o do reconhecimento e critica da noção de experiência imediata a partir de um ponto de vista social.
Ele fala sobre a idéia de que nada é livre, a nossa liberdade é uma ilusão.
Piaget
Estuda a gênese do sujeito, levando em consideração sua experiência imediata, compreendendo e explicando.
Ele tenta entender a experiência imediata das crianças, como elas ““vivem”, percebem e pensam sobre o mundo. Tenta também criar uam teoria que explique essas experiências da criança vão mudando e ela vai “vivendo” o mundo de forma cada vez mais coimplexa e adaptativa”.
Freud
Assemelha-se muito a Piaget, enquanto ao objetivo.
Seus pacientes eram altamente dramáticos e as paralisias que relatavam não correspondiam ao mapeamento nervoso ou muscular. Essa “lesão” era em relação à idéia relativa que a pessoa tinha do membro. Resultado de uma dinâmica psíquica: conflito, repressão e retorno reprimido.
Assim ele atravessa a distinção simples e clássica do corpo e mente.
Freud começa estudar a psicanálise, como objeto o inconsciente.
Desenvolve a metapsicologia, tentando explicar a experiência imediata e desenvolver uma teoria sobre ela.
PSICOLOGIA: PROFISSAO E CULTURA
Atualmente a principal identidade do psicólogo aplicado é o psicólogo clinico. Ele serve a industria ou qualquer outra instituição, procurando torna-la mais eficiente, ou a serviço do individuo ou de pequenos grupos.
Alguma teoria psicológica tem se tornado uma forma de manter a ilusão da liberdade e da singularidade de cada um, em vez de compreender e explicar o que há de ilusório nessa idéia.
Vindo nesse movimento, cresce também o mercado das “terapias de autoajuda”. Essa prega um paradoxal reforçamento do “eu” com sua submissão a um conjunto de regras de gerenciamento da própria vida, sendo considerado um “hiperindividualismo” por alguns.
Há um grande engano, pois não temos liberdade e ao somos o “centro do universo” mas parte de um todo e convém a ciência de nos recordar.
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