Biomecanica Aplicada
- Caio Poletti
- 3 de mai. de 2020
- 7 min de leitura
BIOMECÂNICA APLICADA

Aspectos Biomecânicos da MARCHA
Locomoção
- Toda ação que move o corpo de um animal através do espaço aéreo, aquático ou terrestre.
Marcha humana
- Uma das mais elementares expressões do movimento humano
- Movimento de característica complexa
(* Movimento bípede é muito complexo)
(* Marcha “madura” à em média aos 5 anos)
· Aspectos cinemáticos da marcha humana
Apoio à 65% Balanço à 35%
Apoio
1º momento: Apoio do calcâneo à contato com as forças
1ª Fase 2º momento: Começa o breque do movimento (joelho)
Acúmulo 3º momento: Flexão plantar (desacelera tbm à tornozelo)
4º momento: Contração excêntrica do quadríceps
2ª Fase 1º momento: Aceitação das cargas
Propulsão 2º momento: Propulsão (empurra o chão para traz à flexão plantar, extensão de joelho e quadril)
Balanço
1ª Fase à Aceleração por dorso-flexão, flexão de joelho e quadril
2ª Fase à Desaceleração
JOELHO
(% Angulação – Flexão)
60
3 4
40
2 1
20
1- Fase de flexão à desacelera o movimento
2- Fase de extensão à propulsão
3- Fase de balanço à flexão máxima
4- Fase de desaceleração à extensão
TORNOZELO
(% Angulação – Dorso-flexão)
2
20
4 1 3
-20
1- Desaceleração à flexão plantar
2- Tíbia vai para frente à dorso-flexão
3- Fase de balanço (propulsão) à flexão plantar
4- Dorso-flexão à Para não bater o pé no chão
QUADRIL
(% Angulação – Flexão)
1 20
- 20
1- Estabilização do quadril à Glúteo
2- Extensão do quadril (Propulsão) à Glúteo
3- Flexão do quadril à retirar o membro do chão
· Aspectos dinâmicos da marcha humana
FRSy e FRSx (Peso corporal)
Fymáx 1
1,5
1,2
Fymáx 2
1,0
0,2s 0,5s 0,8s Fxmáx
0,5
Fymin
Fase de apoio (%)
Fxmín (* em média dura 0,7s)
-0,5
Fy = Força vertical
Fx = Força ântero-posterior ( ) Pés descalços
Fymáx 1 à Entre 1,2 e 1,5 (Peso corporal) à Pico Passivo
§ Sobrecarga do movimento
§ Qto menor o tempo, pior / Qto maior o pico, pior
Fymáx 2 à Propulsão à Pico Ativo
§ Pico que dá a força de propulsão
§ Qto menor o tempo, melhor / Qto maior o pico, melhor
Fymín à Deflexão da força
· Sobrecarga se torna menor que 1PC pela aceleração a favor da gravidade
* O Fymín quase não é alcançado em idosos ( * ) ficando em torno de 1 PC, para garantir uma maior estabilidade
* O Fxmin fica em torno de 0,25PC
* A marcha é o movimento humano de MAIS BAIXA solicitação mecânica (1,2 - 1,5 PC)
◙ Diferença do andar:
- Tem fase de duplo apoio (0,2s)
- Não tem fase aérea
Duplo Apoio
(200ms)
à Quem se prejudica com a Fxmín são os ligamentos
à Quem se prejudica com a Fymáx são osso e cartilagem
* 50ms: tempo de latência para resposta do músculo na absorção de carga (até 50ms sobrecarga direto na articulação)
* Alta força de Frenagem = impacto no LCA
· Problemas com a marcha:
Populações especiais:
Idosos:
◙ O choque para idosos é igual (mesma carga = 1,2 - 1,5 PC)
◙ Porém, o osso já é + frágil
Obesos:
◙ A carga relativa é igual (1,2 - 1,5 PC)
◙ A carga absoluta é maior, por causa do peso corporal elevado
◙ Obesos sentem formigamento no pé à Aumento da pressão no médio-pé (desabamento do arco plantar)
à Palmilha ortopédica ajuda
à É bom andar um pouco descalço
“Você deve caminhar por pelo menos 40min numa cadência acelerada!”
* Velocidade acelerada ↑ a carga
* É importante dividir os treinos (Ex: 10m caminhada, 10 bike, 10 elíptico)
* Observar o que a pessoa faz (quanto e com qual velocidade) e ir aumentando devagar
· Marcha patológica
Alteração nos mecanismos de controle
Paralisia Cerebral à Descontrole neuro-muscular à
à Tônus muscular anormal à
Neuropatia Periférica Diabética e Envelhecimento à Perdas sensoriais e no controle do equilíbrio dinâmico à Aumenta o duplo apoio
· AÇÕES MUSCULARES NA CORRIDA:
TIBIAL ANTERIOR
GASTRO + SÓLEO
QUADRÍCEPS
* PARADOXO DO QUADRÍCEPS: O músculo extensor de joelho não trabalha na fase de extensão... utiliza energia elástica acumulada no momento de apoio (isométrica) e na flexão de joelho (excêntrica) para restituir.
ISQUIOTIBIAIS
* Os isquiotibiais não trabalham na flexão de joelho porque o reto femoral flexiona o quadril, que puxa a perna para cima, flexionando o joelho
GLÚTEO
◙ As pessoas têm diferentes estratégias mecânicas à Não existem padrões de movimento (existe apenas uma base semelhante)
◙ Um melhor controle da flexibilidade leva a uma melhor adaptabilidade
BIOMECÂNICA APLICADA
Aspectos Biomecânicos da CORRIDA
Força (KgF)
200
100
· Solicitações Mecânicas
à Alto índice de lesões (50 – 70% dos corredores) à Treinamento errado
- 3m/s à 1,57 PC
- 5m/s à 2,32 PC
- Sprint à 4,6 PC
à Tempo para Fymáx: 20 – 30 ms
- Como saber se esta carga está no limite de tolerância do Ap. Locomotor?
Stress mecânico do osso à Não atinge a região plástica
Stress
Deformação
Efeito Creep à 2 a 5 seg para se adaptar
Relaxamento de estresse
1º pico: ocorre muito + rápido que a resposta da cartilagem (2 a 5 seg.)
· Fase Passiva
◙ Intervalo de tempo (50 a 75ms) no qual o músculo não pode modular a contração muscular
(* Não treinável à depende da velocidade de condução do impulso nervoso)
◙ Enquanto o sinal está sendo processado o choque está sendo recebido pelas estruturas passivas
◙ O músculo fica inativo durante a fase passiva
* Pré-ativação (modulada pela experiência) à prepara o aparelho locomotor
Conclusão:
Dar várias práticas, aumentando o repertório motor e, conseqüentemente a experiência
Lesões explicadas por erros de treinamento
· SOBRECARGA NA CORRIDA
◙ Sobrecarga no Basquete: até 7,3 PC
◙ Sobrecarga no Salto Triplo: 18 – 22 PC
à Condições biomecânicas adequadas...
Como explicar o expressivo número de lesões?
Entre 50 e 70% dos praticantes de corrida apresentam algum tipo de lesão diretamente relacionada à sua prática
· FATORES INTRINSECOS
Volume
* Treino ... Recuperação
à Precisa ter um tempo para fazer a recuperação
à Aumento do volume muito rápido é prejudicial
à Incrementos de 10% de Kilometragem por semana
Intensidade
Geometria de colocação do pé
Corrida nas pontas dos pés
Passada Normal: Retro... Médio... Ante
Passada ponta do pé: Médio... Ante
Pontas dos pés:
- ↑ velocidade (↑ da amplitude de movimento do tornozelo)
- O gastro trabalha + para frear o movimento (cont. excêntrica) à entra em fadiga + rápido
(* ↓ o impacto, mas ↑ a probabilidade de tendinopatias)
Velocidade
Com o aumento da velocidade, há um aumento da sobrecarga mecânica
2,5m/s 6,5m/s
* Velocidade influencia diretamente na carga: (↓ velocidade = ↓ carga)
* Deve-se partir da velocidade de costume
Fadiga
(* Aumenta em até 40% o risco de lesão)
Exercício intenso: Reduz a capacidade de absorção de choque à Sobrecarga
Técnica de movimento à Sobrecarga e Rendimento inferior
* Hora do esforço final: Momento com fadiga elevada, ou seja, os músculos protegem menos à ↑ muito a sobrecarga
* As lesões ocorrem principalmente no inicio (falta de aquecimento) e no final (fadiga) do exercício
· FATORES EXTRINSECOS
Calçado esportivo
NIGG (1986): 33 Corredores
Modelos antigos (1977) à Tendem a ser + duros à Fymáx = 2,42 PC
Modelos “modernos” à Tendem a ser + macios à Fymáx = 2,55 PC
BIOMECÂNICA APLICADA
Biomecânica dos EXERCÍCIOS
· Montagem do treinamento
- Objetivos
- Intensidade (Carga)
- Volume (Quantas vezes e repetições)
- Periodização
- Exercícios
à O exercício é qualificado?
O exercício realmente ativa os músculos que ele se propõe a trabalhar?
Qual a intensidade mecânica da ação muscular?
“Eu sinto que pega...” à O sentimento engana
* Único meio de avaliar à EMG
ELETROMIOGRAFIA
- Determinada a eficácia... é preciso olhar a segurança!
- Desconforto, dores e lesões são causadas por forças que excedem o limite de tolerância das estruturas biológicas
à Como determinar a sobrecarga mecânica???
Procedimento para medição das forças internas
Transdutores de força à KOMI et al. (1987)
NACHEMSOM E ELFSTRÖN (1970)
Compressão discal (compressão dos discos intervertebrais)
- Modelo para cálculo das forças internas na articulação (ex: art. do joelho)
ASPECTOS BIOMECÂNICOS DOS EXERCÍCIOS PARA OS MEMBROS INFERIORES
CCA à Extremidade distal não está apoiada (pé)
ex: Cadeira extensora, mesa flexora
- Geralmente são mono-articulares
CCF à Extremidade distal está apoiada (pé)
ex: Agachamento, leg press
- Geralmente são multiarticulares
QUADRÍCEPS
ESCAMILLA et al. (1998)
- EMG (%CVM) durante exercícios de CCA e CCF
Leg press x Agachamento x Mesa extensora
* Os picos de atividade são semelhantes (e relativamente altos)
* É necessário manter esse recrutamento por certo tempo... e os três são bons exercícios
Reto femoral
◙ Pico maior para a mesa extensora
◙ Platô + alto à Gde parte do movimento (60º) acima de 50%CVM
à Demora pouco (20º) para atingir 50%CVM
* Os outros 2 exercícios demoram 60º para atingir 50%CVM
CCA à tem característica de trabalhar o reto femoral
Vasto lateral e medial
◙ Pico maior na AG e LP
◙ AG e LP apenas 20º abaixo de 50%CVM
* MF 60º abaixo de 50%CVM
CCF à tem característica de trabalhar os vastos
* Idosos e sedentários (e pós-cirúrgico) à perdem muito facilmente o V. Medial (V. M. é um músculo chato e difícil de trabalhar)
· BIOMECÂNICA DA ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL
- É importante na extensão do joelho (inclina o tendão patelar)
Vasto Lateral Vasto Medial Lateralização da patela à desloca para uma região que não foi feita para suportar atrito
à Esse efeito agudo (inflamação) gera necrose da cartilagem
v Condromalácia patelofemoral
§ Dor na patela
§ Exercícios de CCF ajudam a melhorar a lateralização de patela
· Importância dos exercícios de CCF
- Meu aluno não pode fazer Agachamento...
* Existem formas bem fáceis de fazer exercícios de CCF
CCF à se assemelham aos exercícios realizados no dia-a-dia (especificidade)
ISQUIOTIBIAIS
- Semitendíneo
- Semimembranácio Inserem na tíbia (Cabeça longa Bíceps à Fíbula)
- Biceps Femoral
◙ Flexores do joelho
◙ Extensores de quadril
Cadeira flexora, AG, Stiff... Qual a melhor opção???
WRIGHT et al. (1999) à IEMG (pico)
à O problema está na técnica do movimento
* Depende da angulação do AG (+ que 90º trabalha isquiotibiais)
· Os exercícios são idênticos???
à Sobrecarga na coluna no Stiff = 5PC
* Diferença do Stiff para o Levantamento terra à Stiff não trabalha quadríceps pq não usa muito o quadril
CCF (AG e ST) à trabalha + o glúteo e os eretores de espinha (paravertebrais)
BONJADSEN et al. (2004)
Condição discal x Área de secção transversa dos multífidos
à Paravertebrais:
Amortecedores da coluna
Contração isométrica
* AG e ST no inicio da prática geram compressão discal muito alta
Portanto, é necessário aguardar algum tempo de experiência para prescrevê-los, para que ele fortaleça antes de executá-los
v Conclusão:
Começar com pouco peso (muito pouco peso), com uma amplitude menor
· VARIAÇÕES DE EXECUÇÃO
Qual a influência da posição dos pés
McCAW e MELROSE (1999)
- EMG do vasto lateral à nenhuma diferença
- Adutor longo Peq. ↑ da atividade
- Glúteo (AG pernas abertas)
ESCAMILLA (2001)
- Reto femoral à AG à Diferença muito pequena
- Vastos à AG à Quase igual
- LP à Quase igual
à Isquiotibiais à Não muda nada
* Agachamento c/ pés afastados ↑ braço de alavanca (pq o joelho vai + p/ frente e a coluna fica + ereta)
* Observar como o aluno faz o exercício e variar a posição dos pés
Pés altos x Pés baixos
Quadríceps é igual
Isquiotibiais iguais
Amplitude
- Pode-se alterar o recrutamento a partir de mudança de amplitude
CATERISANO et al. (2002)
Braço Potente Braço Resistente IEMG (%) do Glúteo
Até 90º Após 90º
- Torque resistente no joelho ↑ - Torque resistente no quadril ↑
- Recrutamento do quadríceps ↑ - Recrutamento do glúteo ↑
à No AG o joelho pode ultrapassar o pé?
A partir desse momento, o torque resistente no joelho é muito alto
Tomar cuidado com a situação contrária, pois pode haver torque muito alto
* Dá pra mudar a inclinação do tronco
à Quais as modificações induzidas pelo avanço (afundo)???
O braço resistente do joelho é muito alto à ↑ trabalho do quadríceps
O braço resistente o quadril é muito baixo à a carga está em cima do quadril (eixo da coluna)
Komentarze