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As Atividades Fisicas de Aventura na Natureza e seus avancos no cenario brasileiro

  • Foto do escritor: Caio Poletti
    Caio Poletti
  • 3 de mai. de 2020
  • 67 min de leitura

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE EDUCAÇÕA FÍSICA E ESPORTE AS ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA E SEUS AVANÇOS NO CENÁRIO BRASILEIRO Monografia a ser apresentada à Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Educação Física.


ORIENTADOR: PROF. DR. OSWALDO LUIZ FERRAZ

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO pág.

2. OBJETIVO pág.

3. MÉTODO pág.

4. ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NAUREZA pág.

4.1 Definindo conceitos pág.

4.2 Expansão das AFAN pág.

4.3 O homem e as AFAN pág.

4.4 Perfil dos Praticantes das AFAN pág.

5. PRODUÇÃO CIENTÍFICA pág.

5.1 Pedagogia pág.

5.1.1 Educação ao ar livre pág.

5.1.2 Escola pág.

5.1.2 Universidade pág.

5.2 Meio Ambiente pág.

5.3 Mídia pág.

5.4 Desempenho pág.

6. POLÍTICAS PÚBLÍCAS pág.

7. CAMPOS DE ATUAÇÃO pág.

8. CONCLUSÃO

6. REFERÊNCIAS pág.

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo sobre Atividades Físicas de Aventura na Natureza emerge num contexto social caracterizado pelo avanço tecnológico, a mídia exercendo um papel fundamental na cultura de massa, e de transformações nas relações humanas.

Com todo esse movimento da sociedade, o homem utilizou-se de recursos, muitas vezes de maneira irresponsável, provenientes da natureza. Não demos o devido a valor a ela por muito tempo, porém, atualmente, vemos a os políticos, a mídia e a população de uma maneira geral se preocupando mais com a preservação e a aproximação do homem com o meio ambiente.

No meio acadêmico se tem aberto mais espaço para os temas que envolvam o meio ambiente. Podemos observar isso na produção de tecnologias alternativas que reutilizam matérias ou outras formas que prejudicam menos o meio ambiente, trabalhos demonstrando maneiras eficientes de preservação tanto da fauna e da flora, e como neste estudo, o movimento de transformação do homem buscando o contato com a natureza que, de uma certa forma, demonstra uma “ressignificação” e uma reestruturação da sociedade.

Neste contexto histórico e social, este estudo apresenta uma visão por múltiplas vertentes dentro da área da Educação Física e seus reflexos na sociedade, sobre esta relação homem e a natureza que é evidenciada pelo fenômeno das praticas corporais realizadas na natureza, que iremos chamar de AFAN (Atividades Físicas de Aventura na Natureza), terminologia do espanhol Javier Oliveira Beltrán (1996), por melhor abranger e definir o significado das mesmas.

Sempre tive um enorme interesse de estudo e prática destas Atividades, considerando uma ferramenta importante no processo de desenvolvimento pessoal e de transformação social. Tendo em vista seus valores e reflexos na sociedade, e que estes tem tido um considerável avanço, este estudo irá abordar de uma maneira geral, mostrando seus avanços e significados de alguns temas que considero importante em relação às AFAN, tendo como meio as pesquisas científicas, as políticas públicas e os campos de atuação, voltados para a Educação Física.

Por se tratar de um tema muito diversificado, iremos delimitar as definições e práticas das AFAN a serem abordados neste estudo, juntamente com seu movimento de expansão que vem ocorrendo desde a década de 90. Essas e as suas relações com homem são de fundamental importância para este estudo, portanto tentaremos compreender o que ocorre no imaginário humano e suas necessidades que despertam o interesse de busca por estas atividades.

Com relação às pesquisas científicas, as AFAN podem ser consideradas um fenômeno devido ao aumento de trabalhos publicados sobre o assunto nas diversas áreas do conhecimento. Principalmente na área da Educação Física, tem se evidenciado muitos avanços, porém a muitos temas e possibilidades a serem investigadas, o gerará um maior desenvolvimento para esta área.

Por ser um tema recente e não estar madura, essas atividades vem gerando interesses e discussões do ponto de vista político, com destaque aos meios em que elas são praticadas e, principalmente, a discussão dos segmentos do turismo e do esporte, refletidas em seus Ministérios, gerando uma confusão sobre tema com conseqüência para os profissionais e praticantes.

Devido a este problema e pelo grande aumento por busca destas práticas, o profissional muitas vezes não está preparado para atuar, como também, muitos profissionais de Educação Física não conhecem as possibilidades das AFAN e o que o seu conhecimento pode ser agregado a estas. Por isso este estudo apresenta algumas profissões sendo reconhecidamente importantes que profissionais desta área sejam atuantes por serem mais preparados.

Portanto este trabalho tenta contribuir para os temas das AFAN, principalmente para a área da Educação Física, por meio de uma revisão literária, abordando diversos temas referentes a estas, dando uma visão geral ao leitor sobre o processo de expansão, a atual situação e suas aplicabilidades, sendo uma ferramenta importante para esta área, tendo em vista o contexto sócio-cultural em que estamos envolvidos.

2. OBJETIVO

O objetivo deste estudo será analisar as Atividades Físicas de Aventura na Natureza a partir da produção científica, das políticas públicas e os campos de atuação.

3. MÉTODO

Esta revisão de literatura foi realizada com pesquisa bibliográfica nos sistemas de bibliotecas da USP, UNESP e UNICAMP, anais do Congresso de Atividades Físicas de Aventura na Natureza, acervo da Biblioteca Científica Eletrônica Scielo e sites especializados, por conterem obras significativamente importantes e atuais sobre a temática, tendo como técnica a execução de levantamento bibliográfico, utilizando temas-chave (lazer, educação, natureza, meio ambiente, atividades físico-esportivas, atividades de aventura, entre outras), sendo realizadas as análises: textual, interpretativa e crítica, acerca da temática em foco.

4. ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA

4.1. Definindo conceitos

Para o início deste estudo é importante definirmos o sentido dos termos a serem abordados, ainda mais, referindo-se ao vocábulo aventura a qual é passível de diferentes interpretações e sensações.

Por se tratar de uma palavra amplamente em destaque na mídia atual, as reações ao termo podem ir do medo ao entusiasmo, por isso, a possibilidade de diversas interpretações. De acordo com o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001, p.356), o vocábulo aventura deriva-se do latim vulgar, adventura, que significa o que vai acontecer a alguém. Remete a resultados incertos, expectativa e descoberta. E o dicionário Aurélio (2002, p.262) tem como significado acontecimento imprevisto, surpreendente, empreendimento ousado e acaso, sorte, peripécia.

As atividades as quais iremos tratar recebem inúmeras nomenclaturas, tais como: atividades ao ar livre, atividades de lazer na natureza, esportes ao ar livre, esportes radicais, esportes alternativos, entre outros. Por essa pluralidade de termos, iremos utilizar, para o desenvolvimento do trabalho, Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN), indo de encontro com a proposta originada por Betrán (1995), já que esta consegue abranger qualquer prática que desperte o instinto aventureiro e que tenha uma ligação profunda com o meio natural, representando uma atividade de diversão em seu tempo livre, tendo o corpo não como meio, mas como um fim em si mesmo.

Portanto as Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN) entendidas como aquelas atividades físicas de tempo livre que buscam uma aventura imaginária sentindo emoções e sensações hedonistas (teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana) fundamentalmente individuais em interação com um ambiente ecológico ou natural. São atividades que se situam e seguem com os novos valores sociais da pós-modernidade. (Betrán, 1995).

Ela, também, pode ser observada como uma nova forma de lazer (ócio ativo), característico da sociedade pós-moderna, a qual está estruturada a partir do paradigma ecológico, da tendência de uma demanda crescente para um turismo e lazer ativo e do caráter individualista da nossa sociedade atual.

Para Bétran (1995), a teoria do tempo livre e do lazer, desenvolvida pelos neomarxistas franceses (Dumazedier, Touraine e Lafant) na década de 1970, onde “o lazer adquiriu um caráter liberalizante, hedonista, desinteressado e pessoal”, está se reestruturando na sociedade pós moderna, com eixo social estruturante deixando de ser o trabalho para ser o ócio, que ganha status de bem de primeira necessidade, transformando o estilo de vida do “homoociosus”. Afirmando que “a própria estrutura do ócio se transformou, passando de férias de verão, uma vez por ano, para diversos períodos de férias, mais curtos, porém distribuídos ao longo do ano, além dos finais de semana e do tempo diário dedicado ao ócio”.

Miranda, Lacasa e Muro (1995) buscam estabelecer características comuns às muitas definições apresentadas para as atividades: não estão sujeitas a uma regulamentação fixa e horários; sua forma de prática, intensidade, modo e ritmo podem variar a gosto do usuário; são originais, criativas e modificáveis; substituem o tradicional paradigma de esforço pelo paradigma de equilíbrio; têm em grande estima a busca do prazer e o componente de aventura é essencial. O risco está sendo substituído pela noção de sensação. Destaca-se, ainda, como característica, a utilização de condutas motoras aproveitando as energias livres da natureza - energia eólica, dos mares e força da gravidade.

As AFAN, vistas como atividades esportivas, de lazer e de turismo, começaram a ser estudadas recentemente, já representadas por um bom número de adeptos e com um mercado cada vez mais estável. Contudo, grande parte destas atividades surgiu de adaptações de antigas formas de movimento e interação com o meio. Outras como o parapente, vôo livre e algumas técnicas verticais, se tornaram possíveis graças ao desenvolvimento tecnológico que permitiu a elaboração de equipamentos adequados. Salvo nestes casos, em que a atividade só existe devido a algum aparato altamente sofisticado, estas manifestações têm o mesmo envolvimento com a tecnologia que qualquer outra atividade humana nestes tempos modernos. Ou seja, o envolvimento com os mesmos é mediado pelo praticante: é ele quem vai adaptar a atividade que realiza aos seus interesses e equipamentos disponíveis. (ZIMMERMANN, 2006)

Alguns exemplos das modalidades que fazem parte do cenário das AFAN praticadas no Brasil, com exceção de atividades como acampamentos, treinamentos empresarias, entre outras, não menosprezando seu grau de relevância, estão apresentadas a seguir, tendo como ponto de partida as definições discutidas em fóruns públicos e depois reformuladas pela ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura) e publicadas no estudo “Diagnóstico do Turismo de Aventura no Brasil” -2008:

o Arvorismo

Locomoção por percursos em altura instalados em árvores ou outras estruturas, com diferentes níveis de dificuldade, conhecido também como arborismo, tree rope courses, canopytour ou canopy walking. Com equipamentos de segurança específicos, a atividade oferece a possibilidade de percorrer um circuito de habilidades em altura e integrar-se com o meio ambiente em locais até então inatingíveis. Permite apreciação da fauna, flora e paisagem. Há três classificações: Científico, Esportivo e Educacional. Há dois tipos de circuito: o Acrobático e o Contemplativo. O Acrobático exige um pouco mais de equilíbrio do praticante, com ampla variedade de pontes, vários níveis de dificuldade, abrangendo tirolesas e pêndulos, e o Contemplativo são trilhas suspensas geralmente sem equipamento de proteção, acessíveis a todas as pessoas, pois apresentam baixa dificuldade, permitindo maior integração entre praticantes e meio ambiente. No Brasil, o circuito mais usado é o acrobático. O projeto e a montagem de cada percurso definem a altura e a idade mínima para os praticantes. Normalmente, os percursos projetados para crianças e adultos consideram a altura mínima de 1,30metros a 1,40 metros.

o Bungee jump

Salto de lugares altos (pontes, viadutos, helicópteros, guindastes, balões de ar quente ou plataformas metálicas construídas para tal) com uma corda elástica presa aos pés. A atividade começou a ser praticada no Brasil em 1993 e entre 1999 e 2001, o bungee jump começa a se estruturar no País. Entre 2002 e 2005 a demanda cresceu muito. Entretanto, ocorreu um acidente cuja repercussão marcou a história das AFAN no Brasil, prejudicando sua imagem, como de muitas outras modalidades.

o Caminhada e caminhada de longo curso

Realização de percursos a pé, em ambientes naturais com pouca infra-estrutura, com diferentes graus de dificuldade, também chamadas de hiking (curtas) e trekking (longas). O objetivo pode ser de superação de limites ou contemplação. Implica carregar uma mochila às costas com todo o seu equipamento e, geralmente, com sua própria comida. A caminhada leva os praticantes a locais, na maioria dos casos, desprovidos de vias de acesso, com muitas belezas naturais e alguma dificuldade de se percorrer, seja pela topografia seja pelos obstáculos. Para chegar a esses ambientes, o praticante deve renunciar a certos confortos urbanos e enfrentar condições climáticas, muitas vezes, adversas. É necessário conhecimento de orientação e navegação (bússolas e/ou mapas, dependendo do percurso) e um planejamento da caminhada, para adequar horários de chegada a determinados pontos e controlar a quantidade de quilômetros percorrida diariamente.

o Canionismo (e cachoeirismo)

Descida de cursos d’água, usualmente em cânions, sem embarcação, com transposição de obstáculos aquáticos ou verticais, podendo ser um cursod’água intermitente. Nessa descida, o praticante transpõe cachoeiras, saltos, tobogãs e outros obstáculos naturais utilizando diversas técnicas de exploração, como rapel, flutuação, mergulho e saltos. Os praticantes devem ter bom condicionamento físico, haja vista a dificuldade e o esforço necessário. É uma atividade de alto custo, limitando, portanto, a demanda. O cachoeirismo, também conhecido como cascading, distingue-se do canionismo, embora haja confusão entre ofertantes e praticantes. O canionismo consiste em seguir o percurso traçado por um cursod’água no interior de um cânion, desde o seu início, até o final, o que pode incluir ou não descidas de cachoeiras. Já o cachoeirismo é apenas a descida de cascatas ou cachoeiras, sem um percurso extenso. Essa distinção implica as diferenças de equipamentos, habilidades dos praticantes e tempo de prática da atividade.

o Cicloturismo

Atividade de turismo que tem como elemento principal a realização de percursos de bicicleta. Nesse sentido, a bicicleta é tida como parte significante do passeio. É muito conhecido utilizando-se de uma Mountain bike. Os passeios podem ser de longa duração, em que o ciclismo é o principal propósito da viagem. Essas viagens podem ter uma única base como local de estada, ou pode ainda haver deslocamento ao longo do trajeto, com múltiplos meios de hospedagem. Há também os de curto prazo, que acontecem, por exemplo, durante um dia, ao deslocar-se do entorno habitual de vivência e praticar o turismo nas proximidades. São os chamados passeios ciclísticos.

o Escalada

Atividade praticada individualmente ou em grupo, abrangendo dois grandes tipos: a escalada de bloco (ou boulder) e a de falésia (ou via). Pode ser praticada em ambientes naturais (rocha) ou artificiais (paredes e muros especialmente equipados para tal) e pode ser livre, quando o escalador utiliza somente apoios naturais (agarras e cristais) da rocha ou artificial, quando utiliza equipamentos como apoio para progredir na via. A escalada livre exige mais habilidade e conhecimento técnico por parte do praticante. O grande desafio é utilizar o mínimo de equipamento possível, desde que haja o máximo de segurança. A escalada pode durar horas como também dias (big wall).

o Espeleogia (como AFAN)

Atividade que tem como elemento principal a realização de atividades em caverna, tendo diferentes intenções, mas neste estudo cabe o objetivo de lazer ou turismo. Também denominado caving ou cavernismo, é feito para se atingir lugares desconhecidos ou de difícil acesso. O praticante deve participar de um treinamento anterior à atividade, utilizando técnicas verticais e de mergulho em alguns casos. Equipamentos e iluminação especiais distinguem a atividade de outras relacionadas às cavernas.

o Rapel

Técnica de descida em corda utilizando equipamentos específicos. A descida pode ocorrer em cachoeiras, prédios, paredões, abismos, penhascos, pontes e declives, com a utilização de cadeirinhas de alpinismo, cordas, mosquetões, freios e, às vezes, roldanas.

o Tirolesa

Cabo aéreo tensionado ligando dois pontos afastados na horizontal ou diagonal, onde o praticante, ligado a ele, desliza entre um ponto e outro. É um deslocamento rápido cujo deslize ocorre com o auxílio obrigatório de roldanas, mosquetões e uma cadeirinha de alpinismo. A velocidade depende do peso do praticante e da tensão e inclinação do cabo. Existe a tirolesa seca e a molhada, quando permite que o praticante toque a água.

o Vôo livre (asa delta e parapente)

Vôo Livre é aquele que se pratica com asa delta ou parapente e cuja definição codificada pela Federação Aeronáutica Internacional – FAI - refere-se a uma estrutura rígida que é manobrada com o deslocamento do peso do corpo do piloto, ou por superfícies aerodinâmicas móveis (asa delta), ou até por ausência de estrutura rígida como cabos e outros dispositivos (parapente).

o Bóia-cross

É a descida de rios praticada em um bote inflável, onde a pessoa pode sentar-se de costas ou apoiar-se de bruços, com a cabeça na extremidade frontal da bóia e os pés na parte final da bóia, já praticamente na água. Daí o nome bóia-cross. É também conhecida como acqua-ride, cavalgar na água. Acqua (do latim) água e ride (do inglês) cavalgar, andar sobre.

o Canoagem

Atividade praticada em canoas e caiaques, indistintamente, em mar, rio, lago, águas calmas ou agitadas. Em inglês encontramos os termos canoeing e kayaking. A canoa pode ser aberta ou fechada com remo de uma só pá podendo o praticante estar sentado ou ajoelhado. O caiaque é uma embarcação fechada que utiliza remo de duas pás; o praticante permanece sentado na cabine. Caiaque significa Barco de Caçador. A canoagem de lazer realizada em águas calmas não exige um grande conhecimento prévio,permitindo ao remador desfrutá-la sem um treinamento. Já, para a canoagem em águas brancas, é altamente recomendável que se tenha um bom preparo.

o Mergulho

Atividade praticada com equipamento de respiração autônomo, com objetivos contemplativos e de desenvolvimento pessoal. Nessa atividade, ocorre a submersão em águas oceânicas ou interiores (cavernas, lagos, rios etc.) com ou sem aparelho para auxílio. As AFAN consideram os mergulhos com fins recreacionais ou contemplativos, que englobam os de apnéia (suspensão temporária da respiração) e os autônomos (praticados com o auxílio de equipamentos que permitem a respiração submersa).

o Rafting

Descida de rios com corredeiras em botes infláveis, geralmente em trechos com obstáculos, que o grupo deve tentar contornar ou superar. Os praticantes, usualmente entre seis e oito, remam liderados por um líder. Todos se unem, com o objetivo de superar os obstáculos naturais do percurso, como pedras, corredeiras e quedas d’água. A atividade é classificada em classes de dificuldade que variam do I ao VI, segundo os obstáculos, o volume de água e a região onde se encontra o rio. Para amadores, geralmente a atividade é realizada em locais de até classe IV, sendo as demais propícias apenas para profissionais.

o Mountain Bike

Trata-se de ciclismo voltado para trilhas em ambientes naturais. O terreno em que é praticado é muito variado, como, também, os tipos de modalidades: o cross-country (circuito), o domw-hill (somente descida, o up-hill (somente subida), o trip-trail (volta em um grande circuito) e o slalon (descida com contorno em obstáculos).

o Corrida de Aventura

Competição em que há um percurso, pré-definido pelo organizador, deve ser cumprida pelas equipes no menor tempo possível, utilizando modalidades específicas para cada trecho. As modalidades também são de escolha do organizador, mas basicamente se resumem: trekking, mountain bike, canoagem, Rafting, técnicas verticais, equitação e canyoning. Ambientes de mata preponderante e de grandes obstáculos naturais são atrativos fundamentais nas escolhas do lugar de prova (BELLINI, 2004)

4.2. Expansão das AFAN

No Brasil é inegável que as AFAN têm virado um fenômeno que se iniciou a menos de 30 anos. No entanto, a prática de se buscar a natureza com sentido de divertimento, de lazer e de aventura, é muito mais antiga. E estranhamente, há uma considerável tendência nos estudos que vêm se desenvolvendo em se destacar um possível caráter absolutamente original e inovador colocado pela busca da natureza para a aventura esportiva (DIAS, 2006).

A prática das AFAN como é vista hoje (pelo lazer) é conhecida desde 1491, quando Antoine de Ville escalou o Monte Aiguille, nos Alpes, e a primeira associação de montanhismo data de 1857, porém eis que surge na década de 70 e ampliada em 90 um aumento dos praticantes das AFAN e a expansão de suas modalidades, inclusive no campo educacional e esportivo, conforme evidencia Tubino e Cota (1999).

Iremos focar o período de popularização e expansão das AFAN desde o início da década de 90, quando houve o ECO 92 e a sociedade volta-se para o meio ambiente, dando a ele uma importância maior.

Podemos destacar alguns marcos nesta trajetória de expansão das AFAN. Como citado acima, o ECO 92 foi de fundamental importância para o início deste processo. Em 1994 pode-se observar um aumento considerável do número de praticantes e empresas que prestam estes serviços, juntamente com a criação das “Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo”. Logo em seguida houve uma estagnação devido a um número freqüente de acidentes, com repercussão na mídia, envolvendo as AFAN. A partir de 1997, começam a ser produzidos no Brasil equipamentos para a prática de atividades em meio à natureza (capacetes, caiaques infláveis, cordas, polias, mosquetões entre outros). Os custos menores e a maior facilidade de aquisição desses equipamentos também contribuíram para o aumento de praticantes. Em 1999 houve a realização da primeira Adventure Sports Fair, uma feira de aventura que atraiu os olhares da população e de investidores, e é realizada anualmente até hoje. Em 2004 houve um movimento do Ministério do Turismo na tentativa de regulamentar os esportes (por eles chamados de práticas de turismo), competências de condutores e destinos que ofereciam essas práticas, e como reflexo deste movimento foi criada a ABETA na tentativa de fortificar e qualificar o segmento do Turismo de Aventura. Em 2006 foi criada a Comissão de Esporte de Aventura do Ministério do Esporte e, neste mesmo ano, foi feito um processo de normalização, elaboração de normas transversais e relativas a algumas das atividades de Turismo de Aventura.

As AFAN continuam se expandindo e, segundo o Relatório Diagnóstico do Turismo de Aventura no Brasil do Ministério do Turismo, de 2008, somente o turismo de aventura, faturou cerca de R$ 490 milhões. De acordo com a pesquisa realizada com empresários brasileiros do setor, feitas pelo mesmo relatório, o número de clientes atendidos anualmente em todo o Brasil ultrapassou os 4 milhões, quase o dobro de 2006.

A maior parte dos praticantes e lugares que fornecem o serviço de AFAN se concentra no estado de São Paulo, seguido da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e Serra Gaúcha. E as atividades mais praticadas são caminhadas, montanhismo, tirolesa, rapel, arvorismo, mergulho e pára-quedismo (MCKERCHER, 2002).

Para entender o significado do surgimento e crescimento das muitas modalidades inseridas neste contexto das AFAN dos esportes de aventura se faz necessário olhar o contexto e os conceitos do próprio esporte que favorecem estes aumentos.

Estas práticas estariam surgindo junto aos novos paradigmas centrados na auto-realização e melhora da qualidade de vida, os quais querem substituir os de competição, esforço e tensão. Pelas suas características de incerteza e liberdade, as atividades de aventura podem sugerir uma crítica ao racionalismo da modernidade.

O homem moderno tem no esporte uma forma de se expressar instintivamente e, que se no esporte moderno a tendência é que esta atividade caminhe para normatizações, fato que o tornam cada vez mais controladores, como a própria sociedade, diga-se de passagem, esse mesmo homem passe a buscar novas fontes de materialização de excitação agradável e de prazer. (CANTORANI e PILATTI, 2005)

Nessa busca por novos meios de extravasamento das emoções, é possível que as AFAN venham servindo de ancoradouro para tal busca, a ponto de estarem crescendo tanto em número de praticantes como em variedade de modalidades, criando assim, uma resposta a sociedade controladora e servindo como uma maneira de diminuir as tensões do cotidiano. (CANTORANI e PILATTI, 2005)

As AFAN resgatam valores de beleza, auto realização, liberdade, cooperação e solidariedade, valores omitidos pelas praticas mecanizadas do esporte espetáculo, em que preponderam a eficácia do rendimento corporal e a produção e consumo de bens de serviço. (COSTA,2004)

Iremos abordar um pouco mais das causas desta expansão, no capítulo seguinte, o qual o praticante e suas emoções serão abordadas.

4.3. O homem e as AFAN

A sociedade atual tem como característica uma rapidez excessiva nas atividades da vida diária e uma alta pressão social e profissional. Tem se evidenciado que o tempo disponível para o lazer fica prejudicado com essa maximização das atividades cotidianas.

As pessoas sentem a necessidade de usufruir, da melhor maneira possível, seu tempo disponível, tentando minimizar os efeitos negativos advindos desta tendência, as quais atingem diretamente os níveis de qualidade de vida, conforme Tahara, Schwartz e Silva evidenciam (2003).

O homem moderno, com pouco tempo para o lazer, procura encontrar atividades que fazem referência as suas necessidades, interesses e que condizem aos valores morais que ele considera importante.

Eliade (1992) vê este homem como aquele que acredita em apenas naquilo que vê. Movido pela objetividade dos fatos ele vai progressivamente se afastando da natureza, ocupando-se com o imediatismo das atividades da vida diária. Mas esse homem a - religioso conserva comportamentos religiosos, atualizando-os em suas práticas sociais: nas festas, nos ritos, nos tabus, nas mitologias e principalmente nos esporte.

Se o esporte, de um modo geral, é uma válvula de escape da dinâmica de da vida na sociedade, poderíamos, então, considerar os esportes de aventura como uma forma de escapar desta mesma configuração presente no esporte-moderno. Interpretação a ser considerada, principalmente se levarmos em conta o exemplo do surf, do qual novos ramos, mais radicais, vão surgindo ao passo em que a modalidade vai sendo normatizada e profissionalizada. (CANTORANI e PILATTI, 2005)

O esporte tem uma tendência de domesticar o ambiente, formalizá-lo, impor-lhe regras, mas é no meio selvagem, onde é quase impossível controlar as informações que podem orientar as decisões dos praticantes, que se escolhe a aprender a ler obstáculos, decifrar as artimanhas da correnteza, da melhor onda, da velocidade do vento, da temperatura, apreciar as pistas para decidir a melhor intervenção. É essa incerteza informante que provoca que compõe o desafio dessas pratica. Lidar com ela desenvolve a ousadia dos praticantes e lhes desencadeia o prazer na atividade. (COSTA, 2000, p.156)

Tentando entender o motivo que essas pessoas praticam estas atividades arriscadas, e saiam voluntariamente de sua zona de conforto dispostos a enfrentar dificuldades sem ter a segurança de sucesso. As AFAN em geral exigem certo condicionamento físico e adaptação. No entanto esse tipo de aventura não parece estar acessível a qualquer um. As pessoas que delam participam são descritas como viciadas em estímulos, caçadores de emoções ou como junkies da adrenalina. São pessoas que fazem um a opção pessoal por esta atividade por serem dotadas de condições especiais de saúde e, principalmente, de personalidade; por isso, parecem buscar atividades mais atraentes, que lhes ofereçam mais do que uma viagem, uma vivencia de emoção. (COSTA, 2000, p.24)

Vistos por Zuckerman (1994) como personalidades com predisposições biológicas para receber estímulos máximos, como pessoas que tem necessidade de sensações e de experiências novas, complexas e variadas, e o desejo de correr riscos físicos e sociais por prazer; e vistos por outros membros da sociedade como excêntricos, como loucos, eles vão construindo a identidade do caçador de emoções, da ausência de comprometimento com qualquer situação e da prevalência da sensação de imortalidade.

Segundo Le Breton (1996), este homem abandona os alicerces seguros e flutua num universo cheio de incertezas onde é possível construir uma identidade sem regras. Pra ele, a aventura implica uma luta contra adversidades, seja de homens, seja de elementos. Ela protege os indivíduos em outra dimensão de sua existência, longe de suas referencias familiares ou de outras formas de rotinas pessoais. Outra idéia dele é a de que o aventureiro é um homem que merge na paixão do presente. Ele enfrenta no instante á frente toda a projeção do futuro. Ele raramente é apegado à busca da fortuna, nem mesmo para acumulá-la.

Pessoas praticam as AFAN tem uma atitude contra fóbica, em que ao invés de evitar ou fugir de situações de riscos e medo, ele lança-se em sua direção. Trata-se de uma maneira refinada de lutar contra a angústia, atirando-se de encontro a ela. Uma vontade de um corpo-a-corpo com a prova. Uma vez enfrentando o medo, ele é dissipado e sente-se a provisória sensação agradável e de tê-lo dominado. (LE BRETON, 1996)

Diversos autores apontam o fascínio que o ser humano tem pelas sensações que envolvem riscos e as altas doses de emoção e, até mesmo, o perigo de vida. Utilizando o termo pulsão de vida, questiona-se se esses praticantes buscam o desejo de expansão e manutenção de vida, ou uma pulsão de morte, em que está embutida sua própria destrutividade e agressividade. O estudo feito por Martoni e Moreira aponta que todos esses elementos fazem-se presentes no ser humano, assim como, a motivação intrínseca, a qual representa um potencial positivo ou negativo, configurando-se como uma tendência natural para buscar novidade e desafio, para obter e exercitar as próprias capacidades.

Parece que o desconhecimento da conclusão final da atividade motiva os praticantes, e a recompensa pelo desafio reside no benefício da experiência em si. Além disso, pode ser experiência solitária, de escapismo do ritmo habitual de vida e um momento para enfrentar riscos e medos. A experiência da aventura está, portanto, ligada mais às percepções mentais e emocionais dos indivíduos do que as suas capacidades físicas, mas sem menosprezar a última.

Buscando um melhor entendimento sobre essas experiências, devemos atentar primeiramente, que o homem é um ser bio-psico-social, equipado para registrar uma grande variedade de estímulos. Porém, a cultura e o ambiente estimulam-nos a enfatizar alguns sentidos (como a visão) em detrimento dos outros (como o olfato e o tato). É comum a assimilação que se faz da natureza à paisagem, o que impede, nas visitações à natureza, um maior aproveitamento das sensações que esta pode proporcionar ao homem (SERRANO, 1997, p. 23).

O indivíduo praticante das AFAN se permiti jogar com a própria existência, apostar em seu próprio poder de ser capaz de estender à ida, garantindo lhe as condições necessárias para escapar de um possível insucesso. Ele administra o risco, calculando e tendo sob controle a incerteza dos resultados. Esses parecem ser jogos que lhe agradam: atacar os obstáculos submeter-se a embriaguez da vertigem num pânico voluptuoso, e vencê-los. (COSTA, 2000, p.112)

Huizinga acredita que todas as formas arquetípicas do comportamento humano derivam do lúdico, portanto desafios, lutas, estratégias, ritos, negociações, artes, jogos, esportes e, não diferente, as AFAN.

Huizinga vê presentes no jogo dois aspectos fundamentais: a luta por conquistar alguma coisa e a representação de alguma coisa. Como em muitas outras AFAN, os escaladores que se vêem seduzidos por altas montanhas também adotam esses aspectos: passam a revestir a montanha de um caráter mágico encaminhando-os a conquistas superiores. Essa forma de conquista transforma-se em um jogo que representa os próprios desejos de superação de si mesmo, assim como a possibilidade de transportar-se, passando a uma realidade invejável de conquistadores, de desbravadores, de gloriosos. A representação desses praticantes é a realização de uma aparência, é imaginação no sentido original da palavra, como também evidencia Costa (2000, p 198).

Do ponto de vista de demanda, são identificados dois grupos principais de praticantes: pessoas que, de forma individual ou em grupo, buscavam recursos naturais para a prática de atividades de Turismo de Aventura e pessoas que têm como perfil a busca por emoção, por riscos controlados e desafios como forma de lazer. Para esse grupo, o encontro com a natureza apresenta uma forma recreacional, de escape do cotidiano e do estresse das grandes cidades. (ZIMMERMANN, 2008)

Em relação à parte financeira observa que mesmo que a entrada imediata da aventura esteja vinculada a termos econômicos, ela não visa o ganho, como se estende nos demais esportes; o que anima o praticante é a alegria de ultrapassar seus resultados, havendo sempre uma busca por investimentos por uma aventura, na maioria das vezes, mais complexa e ousada.

Le Breton (1996) diz que Se o aventureiro cede à tentação do ganho, ele se instala com o conforto e segurança relativa, ele abandona a incerteza que fazia todo o prêmio de sua antiga condição. Sua fortuna parece que é o viver.

Cardozo, Costa e Lacerda (2006) evidenciam alguns elementos simbólicos em discursos dos participantes, fazendo entender um pouco mais a relação a qual ele tem com a atividade. Interpretando estes discurso os autores analisaram e classificaram estes como:

o Discurso Heróico / Aventureiro

Demonstram a postura de herói e de aventureiros em seus relatos, através do sofrimento que vivenciaram por estarem longe dos familiares, do lar, ao sofrerem fisicamente e ao transporem as dificuldades impostas pelos elementos da natureza, mostram um intradiscurso em confluência com o interdiscurso, à memória. O informante tem a ilusão de ser a fonte do que está dizendo, a realidade que viveu durante a caminhada. Mas não é bem assim, neste momento ele está retornando a sentidos pré-existentes. Assim, os caminhantes esquecem algo que já foi dito, e não é um esquecimento voluntário. Os sujeitos desse discurso se identificam com o que estão dizendo.

o Discurso do Reencantamento:

Surge a partir da relação que o praticante mantém com a natureza. Ele refere-se à natureza como rainha, dengosa, doce, acolhedora, acariciadora e como aquela mãe que oferece presentes a seus filhos, mostrando, assim, os múltiplos sentidos que a natureza adquiriu ao longo do caminho. O homem encontra um dos caminhos que o levam a se encantar através da natureza, que no mundo contemporâneo se reconfigura como reencantamento.

o Discurso de Reintegração Corpo / Espírito:

Esse discurso assume as características do lazer/aventura, atrelado a contemplação da natureza. É nessa ambiência que sua sensibilidade aflora, fazendo-os lançar um novo olhar sobre si e a natureza, desvelando nessa relação o seu espírito.

o Discurso de União com algo Superior:

Descobre algo superior a tudo na natureza, dentro de si, em todos e em tudo. Observa-se que algo superior, muitas vezes chamado por Deus pelos praticantes, sai da posição de centro do universo e é colocado no interior dele mesmo. As visões se mesclam e a relação do homem com esse algo Superior se dá um novo significado, dentro de si e na natureza que o cerca.

Outra maneira de entender o homem que pratica as AFAN, Costa (2000, p. 224), utilizou de uma visão da relação do homem com a natureza, em um processo a qual chama de mito do eterno retorno.

O início deste processo da no sentido do eu versus a natureza, na qual os praticantes procuram vencer os obstáculos, as intempéries, o inesperado, conquistando patamares que antes pareciam inacessíveis. Passando pelos sentidos do eu e a natureza, harmonizando-se com ela e passa a jogar junto com ela: explora, descobre, seduz, e decifra enigmas da natureza e de si mesmo, utilizando seus elementos. E o praticante alcança então, o eu-natureza, fase em que se descobre como ser pertencente a ela, compreende a totalidade, sentindo-se livre, em um processo de purificação e transcendência. Este processo que Costa (2000) evidenciou, pois o homem se percebe preso em sua rotina, sentindo como se estivesse perdendo sua potencia e procura as AFAN como uma forma de resgatar as energias que lhe escapam.

Independente do olhar que utilizemos para ver o homem que pratica as AFAN podemos dizer que elas acrescentam algo de significativo nos valores do praticante, que podem se refletir na prática de sua rotina, fora do ambiente da natureza.

4.4. Perfil dos Praticantes das AFAN

Tendo em vista a dificuldade de determinar um perfil dos praticantes das AFAN, tanto pelos diferentes números de lugares em que são praticas, diferentes objetivos pessoais e pela enormidade de modalidades ou atividades que as AFAN comportam, iremos abordar algumas pesquisas que fizeram relação com o tema, tendo como base alguns estudos citados por Manieri (2008).

Santos e Monteiro (2006) analisaram o perfil de praticantes de corrida de aventura em um circuito amador de grande porte (Adventure Camp de 2006). A idade média dos atletas é de 31 anos, sua maioria possui nível superior completo ou é estudante.

Em uma pesquisa realizada pela equipe de Doutorado da UFPA/NAEA (2005), demonstraram que o grau de instrução predominante entre os praticantes de AFAN do Pará é o de nível superior, que a maioria se encontra na faixa etária entre 20 e 35 anos de idade e possuem, em média, uma renda familiar que varia entre R$1001,00 a R$3000,00 reais.

Em um estudo realizado em Barcelona com praticantes de atividade física de aventura na natureza, Beltrán et al. (1998), encontraram na sua amostra, 52% de mulheres. Em relação à faixa etária, 49% tinham entre15 e 25 anos, 28% entre 36 e 50 anos enquanto 23% das pessoas estavam na faixa dos 26 a 35 anos. Em relação ao nível socioeconômico, 49% eram estudantes, 24% assalariados, 12% donas de casa, 8%profissionais liberais e 6% estavam afastados do trabalho. Considerando-se a prática de atividade física semanal, metade da amostra afirmou realização freqüente de atividade física, 13% se consideram praticante de final de semana, 20% praticam atividade física ocasionalmente e 17% se declaram sedentários.

Ao analisar o perfil dos visitantes da Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba-PR, Niefer (2004) verificou que 51% da amostra viajou com amigos, 35% com namorado (a), 15% com a família, 12% em excursão e somente 4% sozinho, salientando, o número alto de pessoas solteiras.

Em um estudo sobre o perfil dos visitantes do Parque Estadual do Jalapão, em Tocantins, Dutra et al. (2008) verificou com coletas durante 4 dias, nos meses de fevereiro (2006), abril (2006), Julho (2006), abril (2007), uma amostra de 180 sujeitos, sendo 67% do sexo masculino. Desta amostra, 50% era residente de Tocantins, 20% de São Paulo, 11% do Distrito Federal, 4% do Rio de Janeiro, 4% da Bahia, 3% de Goiás, 2% do Piauí e 6% dos demais estados. Em relação à faixa etária, 46% tinha entre 15 e 30 anos, 36% entre 31 e 45anos, 16% de 46 a 60 anos e 2% acima de 60 anos. Analisando o estado civil, 44% eram solteiros, 45% casados, 5% divorciados, 2% viúvos. Quanto à escolaridade, 64% possuíam ensino superior completo ou pós graduação, 27% possuía ensino fundamental completo, 8%possuía ensino médiocompleto, e 1% não possuía escolaridade. Quanto à companhia para a viagem, 43% respondeu que viaja com amigos, 26% com a família, 15% com amigos e com a família, 6% com namorado (a) e 10% com outros.

Em um estudo com 68 sujeitos, competidores de Trekking de Regularidade, Vieira et al. (2003), verificou a existência de 52 homens e 16 mulheres, com idade entre 15 e 46 anos, com uma média de 29,9 anos, sendo que 92,7% da amostra declararam estar cursando, ou já ter concluído o ensino superior. Questionados sobre o motivo que o leva a esta prática, com a possibilidade de até duas respostas, entre os 52 homens, apareceu 26 vezes a busca por aventura, 26 vezes a busca pelo contato com a natureza, 19 vezes a busca por mais saúde e qualidade de vida, obter melhores resultados na competição e 3 vezes outros motivos. Entre as mulheres, apareceu 5 vezes a busca por aventura, 5 vezes buscar mais saúde e qualidade devida, 3 vezes a busca de contato com a natureza, 1 vez obter melhores resultados na competição e 8 vezes outros motivos.

Ladeiral et al. (2007), em um estudo para identificar o perfil dos visitantes do Parque Estadual Ibitipoca, em Minas Gerais, verificou-se uma faixa etária predominante jovem, com41, 4% dos visitantes com idades entre 20 e 29 anos, seguida de 29,6% de pessoas com idade entre 30 e 39 anos. Em relação à escolaridade, 76% da amostra possui nível superior completo ou em curso, 21% possui pós-graduação, 26,9% já possui graduação, enquanto 27,2% dos participantes são universitários. Somente 1,2% possuem ensino fundamental incompleto, e somente 4,6% possuem ensino médio incompleto.

Tomiazzi et al. (2006), em um estudo com 407 visitantes do Parque Natural Medanha, no Rio de Janeiro, verificou que 55% dos visitantes eram do sexo feminino, e 42% possuíam mais de 40 anos. Em relação ao nível de escolaridade, 47% da amostra possuía nível médio, 29% ensino fundamental, 18% nível superior, e 6% pós-graduação. Do total da amostra, 20% eram aposentados.

Anjos et al. (2006), realizou um estudo com turistas que visitaram a Ilha de Porto Belo, em Santa Catarina, no período de alta temporada. Da amostra total, verificou-se uma pequena superioridade de mulheres, com 53,1%, sendo que 58,2% visita com a família, 23,7%com amigos, 17,6% com namorado (a). 55,5% da amostra estavam na faixa dos 25 a 44 anos.

Maniere (2008) com um grupo de trekking de Santa Catarina com 134 pessoas, sendo que desta, 75,4% eram mulheres, e 24,6% eram homens, houve predominância de sujeitos na faixa etária dos 41 a 45anos, com 19,4%. Após, houve maior incidência na faixa dos 36 a 40 anos, com 14,9%, e após, a faixa dos 31 a 35 e 51 a 55 anos, ambas com 14,2%. Sujeitos com ensino superior completo, com 86,6% da amostra consultada, sendo que 9% da amostra possuem nível superior incompleto.

Em relação ao interesse pelas AFAN, os jovens aparecem como os mais interessados, e psicólogos dizem que a busca de emoção e de aventura parece decrescer com a idade, tanto para homens como para mulheres (Zuckerman, 1994)

Porém Dias e Schwartz (2006) tem observado que muitos idosos estão praticando este tipo de atividades. Eles dão preferências a modalidades como: Rafting, trilhas, bóia-cross, rapel, arvorismo, trilha com bike, exploração de cavernas, canyoning, surf, vôo-livre, off - rod (rally com jipe), corrida de orientação e mergulho. Também indicando que os idosos que praticam essas atividades têm um alto nível de escolaridade, talvez pelo fato de que as pessoas que procuram esse tipo de vivência, geralmente, têm um poder aquisitivo elevado, em decorrência do alto custo, não só das atividades em si, mas da preparação da viagem, muitas vezes necessária para tornar realidade essa vivência. O fato de vivenciarem diversas atividades também pode ser devido ao melhor nível de esclarecimento destes sujeitos, que podem ter um acompanhamento médico regular, sendo orientados sobre o que podem ou não fazer.

Se fosse possível condensar o contexto brasileiro diríamos que este tem hoje um grande número de Destinos com características diversificadas e distribuídos em todas as regiões do País, onde são praticadas por um público jovem de classes média e alta, em sua maioria, vinte e cinco tipos de atividades, organizadas por prestadores de serviço com capacitação disforme. (SCHWARTZ, 2006)

Não é possível comparar estes estudos, pois eles foram feitos de forma isoladas, não mantiveram a freqüência em relação às perguntas e resposta. Por isso vemos uma grande variedade de respostas, deixando clara a complexidade de definir um perfil do praticante das AFAN.

5. PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Por ser um tema recente, as AFAN nestes últimos 15 anos começaram a chamar a atenção dos pesquisadores das três grandes áreas da ciência, por uma busca de um conhecimento mais específico alavancados pelo crescente interesse da população por estas atividades.

Isso também é evidenciado pela maior visibilidade e reconhecimento em eventos científicos em várias áreas, nos âmbitos regional, nacional e internacional.

Podendo dizer que a produção de conhecimento se encontra em uma fase crescente sendo legitimada pelas entidades de pesquisa e fornecedoras de conhecimento, as quais, por meio de congressos e simpósios, são veiculados para toda sociedade científica e, conseqüente, população.

Iremos abordar alguns dos temas que são recorrentes em eventos científicos, na tentativa de fornecer uma breve visão do que se tem produzido pelos pesquisadores deste segmento. Não cabe a este estudo se aprofundar sobre os temas a seguir, nem elencá-los como sendo mais importantes do que os que não foram abordados por este, sendo feita uma escolha por relevância definida pelo autor.

5.1. Pedagogia

As AFAN apresentam uma dimensão pedagógica fundamental para o homem do século XXI, que é o homem globalizado. Este que foi criado nos ideais da permanência, da segurança, está sendo desmontado no mundo contemporâneo, que já não oferece tantas referências, aparentes seguranças e estabilidades. Ele tem a necessidade de construir a segurança e estabilidade nele próprio.

Para se educar alguém que possa viver com a paixão e ter a segurança em si mesmo, é preciso desenvolver um homem que tenha audácia, ousadia, ludicidade, presença constante para decifrar problemas e convivência com muitas restrições. Essas parecem ser categorias importantes para a formação do homem do novo século. A vivência das AFAN, é a vivencia de uma dimensão pedagógica. (COSTA, 2000, p. 55)

As pessoas foram educadas a vida inteira pelas escolas, pela família e no trabalho, a evitar o risco. Na sociedade Ocidental, há todo um preparo para que o risco seja controlado e, principalmente, as crianças evitem corrê-lo. Habituamo-nos a segurança, fugimos do caos. Ora, o risco é silenciado, mas também faz parte da vida. Isso nos permite dizer que um dos paradigmas da educação do século XXI é o saber administrar a vida com risco, superando o paradigma da segurança.

Em se tratando das possibilidades educativas da AFAN, nos amparamos em Milles (1990 apud UVINHA, 2004) o qual ressalta que as AFAN vêm sendo trabalhadas e utilizadas em diversos países, sob a denominação de educação pela aventura, a qual segundo o autor pode não contribuir diretamente para o determinismo do mercado de trabalho, mas contribui indiretamente para que as pessoas aprendam compromisso, sucesso, fracasso, dentre outras coisas.

As visitações na natureza e a prática de AFAN possibilitam, portanto, o desenvolvimento de processos educativos relacionadas também às questões ambientais, uma vez que, contribuem para uma mudança na visão do homem sobre o ambiente natural, fazendo com que este perceba a importância e o significado da natureza. (UVINHA, 2004).

Assim poderíamos afirmar que as AFAN podem propiciar uma riqueza de estímulos que facilita um maior desenvolvimento dos mecanismos perceptivos, de decisão e execução, através da exploração desta percepção, que se torna mais aguçada no contato do homem com a natureza, despertando o que poderíamos chamar de espírito aventureiro. Porém Costa (2000, p 156) ressalta que muitas vezes as AFAN são praticadas de forma irrefletida, não sendo discutidas, e refugiando-se sob a adjetivação do ecológico, ou seja, a prática por si só torna-se insuficiente, pois não está comprometida com nenhum vínculo educativo, perdendo sua característica pedagógica.

O caráter educacional das AFAN são uma nova possibilidade pedagógica para a Educação Física integrando a formação do indivíduo, a atividade física, o esporte, a sociedade e a relação com o meio ambiente. No entanto, não é isso que se vê na prática, pois o profissional de Educação Física não vê apoio das entidades em que trabalhas, muitas vezes desconhece essas possibilidades educacionais, não tem uma formação acadêmica que abordam este tema, como é o caso do atual currículo da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, dentre outros fatores.

5.1.1. Educação ao Ar Livre

As práticas de aventura, de vivências na natureza, podem ser vistas como um processo educacional, desenvolvendo aspectos como: preocupação do homem com o meio ambiente e sua preservação; a hábitos cooperativos para com o grupo; melhorar a percepção de seus limites, de suas deficiências e qualidades. (BELLINI, 2004)

Instituições que promovem este tipo de ensino, como a Outward Bound, fundada em 1941 e a NOLS, vêem crescendo nos últimos anos como os esportes de aventura. Este tipo programa e esportes se promovem com a idéia de recuperar o contato do homem com a natureza e consigo mesmo, apresentar riscos controlados, desenvolvimento de atitudes desejáveis, fuga dos grandes centros urbanos e da prática normativa, conforme Costa (2000, p. 108) relata.

Autoconhecimentos, Disciplina, Autoconfiança, Liderança, Organização, Astúcia, Improvisação, Trabalho em equipe, Superação de limites, Aceitação de responsabilidade, Coragem e facilidade a resolução de problemas são aspectos e conceitos que este tipo de atividade, também, se julga a mudar.

Instituições de ensino com filosofia procuram desenvolver isto através de dinâmicas em grupo e explorações de regiões selvagens, levando o aluno fora da sua zona de conforto, controlando o ambiente para que os alunos consigam aprender conforme suas necessidades e com uma maior eficiência.

Esses programas desenvolvem atitudes e comportamentos que serão utilizados fora de seu contexto, podendo trazer isto para o cotidiano, sendo de grande utilidade e enorme valor ao indivíduo.

Esse é o principal motivo para que a procura de treinamento corporativo pela educação ao ar livre vem crescendo ultimamente, com estudos, conforme o de Rolland (1981) que comprovam o aumento do rendimento e satisfação dos funcionários para com a empresa.

Podemos definir atitudes, segundo Coll et al., como tendências ou disposições adquiridas e relativamente duradouras a avaliar de um modo determinado um objeto, pessoa, acontecimento ou situação e a atuar de acordo com essa avaliação,

Resgatando um pouco o passado, Warren, S (1995) examina a base teórica da educação ao ar livre segundo pensamentos de filósofos da Grécia Antiga.

Sócrates e Platão acreditavam que virtudes como sabedoria, bravura, justiça e temperança eram qualidades chaves para jovens poderem exercer seu papel civil na sociedade e ter um seguro desenvolvimento. Eles também acreditavam que a melhor maneira de obter essas virtudes eram por meio de experiências diretas que envolviam ações que exploravam essas virtudes e uma reflexão após.

Wilson, R (1981) utilizou trabalhos de Platão e Aristóteles, e apesar das diferentes linhas ideológicas, concordavam que as virtudes, os perigos, riscos e a reflexão das experiências eram importantes componentes para o desenvolvimento humano. Com base nisto, três idéias são à base da Educação ao Ar Livre: experiência direta é um dos melhores meios para se aprender, construção de um caráter moral e desenvolvimento de atitudes desejáveis são importantes e assumir riscos é um processo e recomendado para o desenvolvimento pessoal.

5.1.2 Escolar

A escola consiste em um reflexo dos conflitos e das dinâmicas sociais, políticas e culturais, sendo seu cotidiano um universo passível à troca de conhecimentos, ensino e aprendizagem. O principal meio de acesso aos saberes sistematizados das diversas áreas de conhecimento é a educação formal, não obstante ela configura-se como a grande responsável pela difusão e aprimoramento dos saberes da Educação Física, segundo Lima (2007)

Porém, é notória a presença nas ultimas décadas como conteúdo hegemônico nas aulas de Educação Física os esportes coletivos como basquete, voleibol, futebol/futsal e handebol, sendo muitas vezes tratados de forma a reproduzir e conseqüentemente reforçar os processos de alienação, competição e exclusão comuns à sociedade contemporânea.

As AFAN são manifestações da cultura corporal que tem um destaque privilegiado, reunindo cada vez mais participantes, surgindo constantemente novas práticas aplicações. Porém, apesar de ter um vasto campo de exploração, pouco foi desenvolvido para sua inserção no contexto escolar.

Considerando assim todo um potencial educativo das Atividades de Aventura, a Educação Física escolar a tem como uma nova opção em contraste com o conteúdo que vem sendo aplicado, pois além de possibilitar uma infinidade de situações corporais, de âmbito sócio, psíquico e fisiológico, as Atividades de Aventura possuem grande importância pedagógica pelo seu potencial interdisciplinar, articulados por temas como esporte, meio ambiente, qualidade de vida, lazer, risco, comportamento, espaço e lugar; internalizando normas, valores e atitudes construídas pela sociabilidade geradas pelo sujeitos envolvidos nas vivencias, como aponta Javier Betrán (1995).

Tendo em vista que os conhecimentos e vivência provenientes das AFAN proporcionem sensações e experiências que atinjam emocionalmente e significativamente um jovem estudante e os estimulem com desafios e superações de seus limites, mesmo que sejam práticas não realizadas na natureza, saindo um pouco do termo “AFAN”, porém realizadas em estruturas usuais das escolas, mas plenamente passíveis da utilização de seus valores, do conhecimento com e ele com a prática.

Franco (Anais II) relata que são muitas as razões para incluirmos AFAN. na escola, as quais foram destacadas as seguintes:

o Alinhamento da Educação Física com as propostas de preservação ambiental;

o Exposição de um conteúdo pouco explorado na escola, mas bem difundido pela mídia;

o Notadamente é mais um conteúdo relevante para ação educativa do professor com alunos adolescentes, estreitando laços e atualizando-se na evolução da Cultura Corporal de Movimentos;

o Tornar as aulas mais interessantes haja visto a situação atual das aulas de Educação Física do Ensino Médio

o Ampla possibilidade de trabalho dos cinco eixos pedagógicos preconizados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino: Identidade, Diversidade, Autonomia, Interdisciplinaridade e Contextualização;

o Trabalhar valores intrínsecos dos alunos, tais como: respeito às diferenças e limites do outro, cooperação, desenvolvimento de diversas habilidades motoras, superação dos próprios limites, entre outros.

Devido ao aumento do numero de praticantes e um espaço reconhecido na mídia de massa, as AFAN confirmam a importância como conteúdo a ser reconhecido pelos profissionais da Educação Física, por se tratarem de temas pertinentes ao cotidiano dos jovens, devendo ser abordadas nas aulas como conhecimento a ser difundido de forma crítica e reflexiva, rompendo com o mero consumismo alienado de produtos, gestos e atitudes. Os alunos bem como o conjunto da sociedade estão expostos ao consumo e consumismo dos produtos relacionados a estas pratica, sejam através de filmes, roupas, acessórios, peças publicitárias e até mesmo atitudes, cabendo ao professor utilizar esta oportunidade para debate, segundo Lima (2007).

Diante desse cenário em que as Atividades de Aventura se consolidam por intermédio dos meios de comunicação de massa acompanhando a lógica do mercado, surge uma série de equívocos conceituais com relação a riscos, elitismo e o próprio sentido de Aventura. Tais equívocos, causados pelo desconhecimento a cerca destas atividades, provocam resistência por parte das escolas e dos seus profissionais em inserir-las como conteúdo a ser reconhecido nas aulas de Educação Física. segundo Lima (2007).

Analisando como as AFAN podem integrar uma proposta de Educação Física escolar a qual objetiva democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica, incorporando as dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos. Os autores Vieira (2007) verificaram que as AFAN podem proporcionar a discussão de aspectos como a influência dos meios de comunicação e da indústria do lazer, relacionando-os com a imposição de padrões de beleza e saúde e o apelo ao consumo, incentivando a análise crítica dos valores sociais. A temática meio ambiente pode se fazer presente, tendo em vista que muitas práticas são realizadas em meio natural, trazendo a possibilidade de discussão das questões ambientais emergentes para as aulas. A pluralidade cultural também pode ser abordada ao se investigar a origem e a história das diversas manifestações de esportes de aventura. Discussões sobre saúde podem ser realizadas através da análise de questões como o sedentarismo e o estresse na vida moderna relacionando-se com a busca por lazer e emoções presentes nos esportes de aventura.

Podemos evidenciar que a combinação do jogo simbólico com os esportes de aventura pode ser uma potente ferramenta no ensino da educação física para crianças.

Pois o jogo simbólico tem como objetivo desenvolver fatores cognitivos, sócios afetivos e psicomotores de maneira lúdica estando em consonância com as necessidades de aprendizagem de crianças das primeiras séries do ensino fundamental. A escalada, tratado no estudo de Bortoletto Jr. e Pereira (Anal), é uma subida que pode ser uma montanha, um morro ou até mesmo um brinquedo de trepar. O ato de escalar é classificado como uma habilidade motora fundamental de locomoção combinada. UVINHA (2004) propõem que os esportes de aventura devem ser utilizados como conteúdo na educação infantil, pois fogem dos padrões e tornam as aulas mais criativas e inovadoras. Afirmando também que a atividade relacionada com a escalada auxilia a criança nas suas relações interpessoais (comunicação e cooperação) e nas relações intrapessoais (autoconfiança e auto-estima), bem como no aspecto motor e nas capacidades físicas.

Pereira e Richter (Anais) fizeram um estudo de um caso em escola pública, onde o professor aplicou com os alunos um planejamento participativo. Dentre as idéias apresentadas, algumas foram referentes às AFAN como a escalada e trilha para caminhada e bicicleta. Essas atividades são geralmente encontradas em grandes escolas da rede particular, mas na rede pública se julga impossível tal projeto devido ao seu custo, conhecimento e mão de obra.

Porém neste caso estudado mostrou-se possível pela uniam do Professor e alunos para um planejamento eficiente de baixo custo e captação de recursos. Alguns resultados obtidos nesse processo: aquisição de conhecimentos sobre esportes de aventura; influência na formação moral dos alunos; maior inclusão nas atividades; maior preocupação com a atividade física; aquisição da cidadania. Concluindo que as AFAN como conteúdo da educação física podem ser uma realidade na escola pública, dependendo do conhecimento do professor, do interesse dos alunos e da disposição na busca das técnicas das modalidades.

Portando, assim, como ao longo da historia da Educação Física, fica a cargo de um grupo de profissionais, hora chamados de loucos, hora de irresponsáveis, a árdua tarefa de estudar sistematizar, planejar e implementar estas práticas contemporâneas. Tarefa histórica, por vezes utópica, por hora real, que tanto contribuem para o desenvolvimento e consolidação da aérea. Aos profissionais de Educação Física, conscientes do árduo caminho a percorrer, cabe o envolvimento, qualificação e aperfeiçoamento neste campo, contribuindo assim para a ruptura de paradigmas, legitimando e consolidando como área a ser conhecida e reconhecida pela sociedade (BANDEIRA, 2007).

5.1.3 Universidade

As AFAN já estão manifestadas nas grades curriculares de inúmeras universidades dentro dos cursos de Educação Física. Estas práticas destacam-se no meio acadêmico e são consolidadas sob diversas perspectivas: como objeto de estudo, investigação científica, mercado de trabalho, prática social, entre outros.

A repercussão desta área de conhecimento num Curso de formação de licenciados em Educação Física favorecerá comunidade acadêmica atitudes reflexivas e possibilidades de desenvolver pesquisas que venham contribuir para melhoria da Educação Física na Educação Básica com o objetivo de garantir a consolidação da formação humana.

As AFAN trazem a oportunidade de estudo de fatores como emoções e sensações do homem, que pouco são levados em consideração pelas tendências educacional conservadores e/ou tecnicistas, que ainda muito estão enraizadas às práticas pedagógicas tradicionais da maioria dos professores das instituições educacionais, em geral do Brasil, conforme relata Trauer e Saldanha Filho (2007)

Segundo Javier Oliveira Betrán (1996), as AFAN do ponto de vista pedagógico representa uma das melhores experiências para uma sessão de educação corporal, sendo uma oportunidade rica de possibilidades motoras não previstas que facilitam a interação do indivíduo com a natureza, no conhecimento dos recursos ambientais e no prazer de desfrutar da natureza, podendo ser um novo ramo para os Educadores Físicos.

Trauer e Saldanha (2007) propõem um projeto de disciplina no curso de Educação física a qual tem como objetivo investigar, vivenciar e refletir esse tema a cerca do meio, do espaço, do tempo, da cultura e do social do esporte no contexto das manifestações educacionais; abordando temáticas como a relação entre atividades físicas, meio ambiente e educação enfocando princípios, concepções e impactos positivos e negativos das relações humanas no ambiente natural. E dentro dos conteúdos prevêem estudos, pesquisas e laboratórios nas modalidades de caminhada, rapel, escalada, canoagem, Mountain bike, corrida de orientação com suas principais características, técnicas no manejo do material e dos equipamentos e projeto de realização de uma atividade, metodologias de ensino e métodos de avaliação das modalidades de aventura.

Tem se observado que esta área vai de encontro dos interesses da Educação Física e existe uma demanda em ascensão no mercado, tornando os estudos das AFAN, durante a formação do profissional de Educação Física, de fundamental importância, que conseqüentemente poderá refletir em uma atuação mais completa conforme as exigências desta sociedade em transformação.

5.2 Meio Ambiente

O Brasil, por ser o maior país tropical do mundo, possuir a maior extensão de florestas tropicais e um litoral de 7.367km, e por ser gestor da maior diversidade do planeta, possui um potencial ecoturístico gigantesco que vem despertando interesse cada vez mais crescente.

A preocupação da utilização do lazer enquanto “mercadoria” e o “uso” indiscriminado e mal planejado do meio ambiente natural, que provocam não raras vezes impactos sócio-ambientais desastrosos, vem crescendo significativamente dos anos 90 até os dias atuais

Com o passar destes anos, a sociedade adquiriu novos olhares com relação à Natureza, principalmente quando as pessoas começam a entrar em contato direto com a ela, como no caso das AFAN. Os impactos que vêm se tornando cada vez mais representativos têm feito surgir no interior da sociedade uma visão um pouco mais responsável, no momento em que emergem as constatações da intrínseca relação existente entre as agressões causadas pelo ser humano, enquanto elemento interventor, como é o caso das queimadas, desmatamentos, o efeito da poluição, em todas as suas estâncias, e muitos outros fenômenos gerados de uma forma depredativa no ambiente natural.

No entanto, devemos reconhecer que a simples visita à natureza nem sempre é suficiente para proporcionar aos turistas e aventureiros interações a empatia com outras formas de vida. Tal situação, por sua vez, aponta a necessidade de conservação de um ambiente que se encontra ameaçado e do qual fazemos parte. Por essa razão, há a necessidade de formação de uma consciência ambientalista que, além dos benefícios à natureza, pode promover, através da interação com o ambiente, o bem estar dos envolvidos.

Devemos salientar também que as próprias AFAN tem o poder de causar impactos negativos na natureza. Como no caso de uma corrida de aventura, onde é possível ver depois de anos após a prova, as trilhas feitas por esses atletas e estas sofrerão um processo gradual de erosão, com uma difícil recuperação.

Vieira e Maroun (2007), também, relata que as AFAN podem ocasionar, em diversos níveis, a degradação ambiental. É importante salientar que os cuidados com os danos que os esportes podem ocasionar não se limitam à prática da atividade esportiva. Numa visão mais abrangente, podem-se citar os elos que permitem e auxiliam a realização da prática esportiva, como as indústrias de calçados, roupas, insumos e equipamentos. Entretanto, essas atividades são reguladas por lei e necessitam de estudos ambientais para o seu funcionamento. Porém, isso não acontece com a prática esportiva em si.

Portanto é importante que o praticante e pessoas envolvidas com esta prática tenham consciência de meios e atitudes que possam evitar um impacto ambiental considerável, pois isso se dá em uma relação de sustentabilidade destas atividades.

Bahia e Sampaio (2007) avaliando condutores e praticantes das AFAN, concluíram que as atitudes ainda demonstram comportamentos ingênuos sobre a vivência do lazer em áreas naturais; verificam-se atitudes “compensatórias”, a fuga das dificuldades vividas no cotidiano; a falta de compreensão de novos valores que possibilitem a convivência com a natureza e com seus pares. Esses autores propõem que para uma mudança de atitude, alguns fatores são fundamentais como: a compreensão de que o lazer é um direito social; a participação popular na construção coletiva de políticas de lazer; a democratização cultural, garantindo acesso a todos de forma eqüitativa nos vários conteúdos culturais do lazer; a luta por políticas de reordenação do tempo; a educação pelo e para o lazer, compreensão de que o elemento “aventura” pode ser uma importante ferramenta educacional; a qualificação na formação profissional visando valores críticos-criativos; a construção e manutenção de equipamentos de lazer nos centros urbanos e em áreas de proteção ambiental destinadas ao uso público; desenvolvimento de um turismo de aventura voltado à busca da sustentabilidade; articulação da administração local com as entidades promotoras de esportes de aventura.

Prognosticar possíveis impactos ambientais negativos pode ser um importante instrumento para que ações sejam realizadas visando à minimização ou eliminação desses danos. Considera-se fundamental que o debate sobre as interações das AFAN com o meio ambiente ocorra sistematicamente. Discutir e aprofundar essas questões é essencial para o esporte assumir o seu compromisso com a preservação ambiental.

5.3 Mídia

Os esportes de aventura e risco na natureza têm ganhado espaço na mídia em princípio com uma nova proposta, a do confronto não com um adversário, mas com a natureza, onde o homem se torna um mito diante do desta atividade onde o risco é evidente.

Se, em um passado recente o conceito de natureza proposto pelas atividades de aventura esteve atrelado a ações sociais transformadoras e seus adeptos dispostos em grupos restritos, atualmente, com a incorporação destes conceitos pela mídia, divulgados em larga escala, grupos humanos cada vez mais numerosos e variados passam a buscar - ou comprar - na natureza a reconciliação com o mistério da vida. (BANDEIRA, 2007)

A mídia tem o poder de colocar uma fala em larga escala, a serviço de uma ideologia. Os mitos, não mais provenientes como no passado, são provocações de comportamentos que levam ao consumo. E o consumidor de mitos está também aí para a mídia esportiva e as ofertas do lazer.

Bandeira (2007), afirma que tudo pode constituir um mito. Mas, no que se refere ao Esporte, é recorrente o fato de que histórias de vida são expostas através da quebra de recordes e prodigiosos gestos, e fazem de um indivíduo um mito, alvo de projeção e identificação utilizado pelo marketing.

Tornou-se comum a publicidade excitar os consumidores com símbolos máximos, espetaculares, extremos, sem limites, próprios da era das imagens, despertando lhes o desejo de liberarem o herói que cada um carrega dentro de si. Também as empresas de ecoturismo, de um modo mais ameno, mas com o mesmo sentido de desenvolver o espetacular, organizam praticas esportivas recreativas desafiadora nas quais são oferecidas oportunidades fabulosas de atingir lugares agrestes, de desfrutar de paisagens paradisíacas ainda pouco exploradas pelo publico. A garantia de alcançar o êxtase desperta desejos, sonhos e fantasias nas pessoas, permitindo que elas voltem seus interesses para essas atividades. (COSTA, 2000, p. 157)

A Publicidade trabalha a ousadia desses novos aventureiros como mercadoria. Ao comprar a mercadoria, compra-se um pedaço de ousadia, compra-se um símbolo. A produção obsessiva das imagens delimita-se ao campo de ‘distrair’, fazendo com que a mídia, onipresente nas representações e na psique do homem ocidental, dite as intenções de produtores anônimos ou ocultos nas escolhas de vida e nos usos e costumes. A essa manipulação icônica esta ligada a revolução cultural a que assistimos. (COSTA, 2000 p. 28)

Bandeira (2007) observa que na publicidade, o mito da aventura, da aceitação de uma jornada inusitada, é encontrado como apelo ao consumo dos mais variados produtos: no achocolatado em pó que dá energia para o enfrentamento dos desafios mais radicais; na pasta de dentes que nos oferece um sorriso tão intenso quanto o dos praticantes de atividades de aventura, tais como o jet ski e o esqui aquático; na bolacha que é capaz de complementar a sensação gratificante e única de uma árdua escalada em paredão de gelo, e que é consumida ali mesmo, entre mosquetões, cordas e abismo; na pilha de um coelho atleta cor-de-rosa que não falha e não se submete ao esgotamento durante um longo trajeto de uma suposta corrida de aventura; e na satisfação do homem da cidade em usar um carro que faz com seu design Trail, Adventure, cross ou off road, com que ele se sinta o próprio aventureiro em plena rotina de trabalho, no meio da selva de pedra.

O consumidor de mitos vive o mito como história verdadeira, como intenção real, acredita inocentemente na grandeza de sua proposta e naturaliza-o, alcançando-o através da aquisição de produtos que trazem em si sua identificação.

No entanto parece haver um problema entre a idéia das AFAN, ofertada pela publicidade, e o instinto de jogo com o próprio limite, em que os praticantes satisfazem sua imaginação criadora mapeando as montanhas com trilhas, vias e rios, provando a si mesmo sua capacidade de se autocontrolar, de se auto-superar e de se auto-aperfeiçoar. (COSTA, 2000, p. 29)

A publicidade parece buscar expor os praticantes ou os aspirantes a esta pratica no sentido contrário a essa interiorização, enfatizando a expansão exterior, o extremo, o espetacular.

O público consumidor de atividades de aventura ainda não parece ser de massa, mas o estímulo à incorporação destas atividades está posto ao grande público através de sua divulgação pelos eventos esportivos e publicidade, e há a possibilidade de que seus elementos sejam apreendidos mais como produto de consumo do que como intenção transformadora.

Evaristo e França (2006) relata em seu estudo fatores positivos da relação das AFAN com a mídia, pois este fato tem aberto amplo espaço dentro da sociedade para a discussão de temas ambientais o que nos deixa a pista de que a mídia tem favorecido de uma forma considerável e significativa à disseminação e fixação de um novo olhar para a natureza, não apenas enquanto incentivadora das AFAN, mas com reportagem de cunho ambiental, o que tem contribuído para o desenvolvimento de uma nova consciência ambiental na sociedade.

5.4 Desempenho

As AFAN por comportarem inúmeras modalidades, ambientes de práticas e objetivos, fica muito difícil fazer uma abordagem sobre este tema

Foi também observado que há poucos estudos encontrados, sobre este tema, nas áreas de fisiologia, biomecânica e comportamento motor, podendo ser devido à concentração de variáveis de difícil controle, que as tornam muito complicadas para reprodução em laboratório e exigem um sofisticado equipamento se for realizado em ambiente natural, como por ser temas recentes.

Diante destes poucos estudos foi observado que a sua maioria trata de avaliar os praticantes das AFAN, e com uma maior recorrência de atividades como corrida de aventura, que exigem muito do atleta que é levado a condições ambientais extremas podendo até haver privação de sono durante as provas, e escalada, pois a evolução da técnica e a preparação física são fundamentais para o sucesso desta prática.

De um modo geral, segundo Schwartz et al (2006), as AFAN podem ser caracterizadas como atividades com predominância do sistema aeróbio de produção de energia, em função da duração e da intensidade em que são realizadas. Portanto um bom condicionamento aeróbio parece ser essencial.

Em algumas das modalidades compreendidas pelas AFAN, como a canoagem, a escalada, entre outras, a força muscular também apresenta uma grande importância para o rendimento.

No entanto em função das AFAN apresentarem diferenças em relação de substrato energético a ser predominantemente utilizado, tipo de contração muscular, a preparação física para estas práticas deve ser feita de forma específica, mesmo que para um objetivo não competitivo. Além destes aspectos, estas atividades são realizadas em terrenos variados e em condições de temperatura, umidade, altitude e horário do dia, também, muito variados. Portanto além da preparação da própria atividade é importante realizar uma preparação em situações semelhantes a que irá encontrar.

Na definição por Betran (1996) as AFAN são práticas que se fundamentam geralmente no deslizamento entre superfícies naturais, nas quais o equilíbrio dinâmico, para evitar as quedas, e a velocidade do deslocamento, aproveitando as energias da natureza, constitui os diversos níveis de risco controlados nos quais estas atividades se baseiam.

Por isso a biomecânica exerce um papel fundamental no estudo e entendimento das AFAN, pois se relaciona com duas variáveis de seu estudo, a velocidade e o equilíbrio, além de compreender as sobrecargas impostas ao ser humano na prática destas atividade.

Schwartz (2006, p. 120) ressalta que a colaboração que a biomecânica tem feito está na avaliação do movimento e das forças atuantes no corpo humano e nos diversos materiais e equipamentos nelas utilizados por meio da analise cinemática e dinamométrica, buscando, assim, a melhora do rendimento e a prevenção das lesões.

As AFAN podem ser consideradas como uma tarefas motoras abertas. Nunes (2006) em seu estudo cobre estas atividades afirma que a variabilidade das condutas motoras em tarefas abertas é relativamente grande em resposta às características inconstantes do ambiente. Para compreender o controle neural do movimento é imprescindível o conhecimento das características do sistema que está se movimentando e das forças externas e internas que agem sobre o corpo. Tendo em vista as características dinâmicas do ambiente em que é praticada (água, terra e ar) bem como suas propriedades físicas, subentende-se que as AFAN requerem um rebuscado controle neural do movimento para regular os mecanismos essenciais desta conduta motora.

Apesar da importância do estudo do controle motor em tarefas abertas de movimento, as AFAN não têm sido objeto de investigação desta área de conhecimento, ou tem sido de maneira não substancial. Deste modo, autor conclui que as AFAN têm sido conduzidas pelo senso comum, afastada, portanto, de uma prática pedagógica cientificamente explicável, tanto da área do comportamento motor como na da fisiologia e biomecânica.

6. POLÍTICAS PÚBLICAS

Os esportes não-olímpicos respondem por quase 70% da atividade esportiva praticada no país e todos sabem da dificuldade em administrá-los e a fragilidade das suas instituições. Federações, clubes, centros e clubes de prática e entidades nacionais fazem um enorme esforço, muitas vezes dependentes da dedicação de praticantes apaixonados, para conseguir administrar e suprir a demanda necessária.

Os esportes de aventura, fazendo parte das AFAN, estão inseridos nos não-olímpicos e, administrá-los nestas condições, pode ser considero um pouco mais complexo do que os outros, por causa das suas especialidades e do fator de risco que é inerente ao segmento.

E as AFAN, com sua popularidade em ascensão, acabou ampliando a tensão entre o esporte espetáculo, realizadas em ambientes cristalizados, e as práticas outdoor, bem como entre ambiente e desenvolvimento, surgindo na relação ecologia/esporte/turismo uma demanda de diferentes grupos sociais: dos praticantes, de políticos, de movimentos preservacionistas, de empresários organizadores de passeios, excusões-aventuras e outros.

Muitas cidades estão se estruturando a fim de receber os praticantes destas atividades. Pois, como relatou Betran (1996) além, de ser uma alternativa para o turismo e para as atividades físicas, pode ajudar tanto na recuperação demográfica, econômica e ambiental das cidades.

O Brasil acaba se destacando no cenário mundial das AFAN, pelo seu potencial ambiental e cultural e pelo fato de oferecer diversos roteiros ligados a natureza, e voltados à conscientização e preservação do meio ambiente. Cerca de 30 Parques nacionais brasileiros, já estão estruturados para a prática de caminhadas ecológicas dentro ou no entorno de suas áreas. Apesar desta estrutura toda, considera-se que o Brasil ainda está muito longe dos demais países, em relação à quantidade de áreas de proteção ambiental. Se fizermos uma comparação com a Costa Rica, por exemplo, 25% do território deles, se encontram dentro da área de proteção ambiental, enquanto no Brasil, apenas 1% do território nacional, é protegido ambientalmente. (MAINIERI, 2008)

Iremos ressaltar alguns pontos, como citados no capítulo de Expansão das AFAN e neste treão maior detalhamento voltados as Políticas Públicas, com relação ao espaço social e histórico em que as AFAN vem sendo implementadas, abordando alguns temas de ações coletivas voltadas para um compromisso público visando dar conta da demanda geradas por estas atividades.

- 1975 as AFAN começaram a ganhar popularidade no Brasil por meio de Clubes Excursionistas, e feitos esportivos.

- 1990 houve uma queda na procura e de prestadores de serviço das AFAN devido à crise no Governo Collor

- 1992, o ECO 92 chamou a atenção mundial sobre temas relacionados ao meio ambiente, servindo como ponto de partida para expansão das AFAN

- 1994 criação das “Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo” do Ministério da Indústria e do Comércio. Instituto Brasileiro de Turismo e Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, documento que até os dias de hoje mostra-se como fundamental para políticas diversas.

- 1997 começaram a produção nacional de equipamentos para as AFAN, tornando-a mais acessível

- 1999 realização da primeira Adventure Sports Fair, o qual atraiu um público diversificado e a mídia, sendo uma importante ferramenta para a atração de investidores e consumidores.

- Em 2003 iniciou o Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura que se constitui de uma iniciativa do Ministério do Turismo, sob a coordenação da Secretaria de Programas de Desenvolvimento do Turismo, tendo como entidade executora o Instituto de Hospitalidade (IH) e apoio da Associação Brasileira de Empresas de Turismo de Aventura (em 2004). Este projeto visa identificar os aspectos críticos da operação responsável e segura do Turismo de Aventura e subsidiar o desenvolvimento de um conjunto de normas técnicas para as diversas atividades que compõem o setor, no âmbito da - Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). (MARINHO e SCWARTZ, 2008)

- Em 2006 foi criada a Comissão de Esporte de Aventura do Ministério do Esporte entendida como um instrumento efetivo e permanente, com o objetivo de construir uma política nacional para o fenômeno. Esta iniciativa mostra-se inovadora e bastante promissora e aguarda obtenção de maior autonomia para seu desenvolvimento.

- Em 2006 também, foram publicadas as Diretrizes e Recomendações para o Planejamento e Gestão da Visitação em Unidades de Conservação com o objetivo de ajudar no planejamento e gestão das visitas em unidades de conservação, o Ministério do Meio Ambiente elaborou este documento, de acordo com as regras definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). O documento é apontado como um marco para estruturar as visitas em Unidades de Conservação, e um passo importante em direção à maior aproximação entre essas unidades e a sociedade brasileira. (MARINHO e SCWARTZ, 2008)

- 2006 houve a realização do I Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura em se constituindo em um evento científico, que representou uma oportunidade pioneira de discussões acerca do universo das atividades de aventura (esporte/turismo de aventura), congregando múltiplos olhares sobre a temática. O evento constou de Palestras, Mini-cursos, Mesa-Redonda e apresentação de Trabalhos Científicos, atingindo um público alvo formado por diferentes profissionais e estudantes de diversas áreas de todo o Brasil.

- 2006 foram feitas a elaboração do Processo de normalização, elaboração de normas transversais e relativas a algumas atividades relacionadas ao turismo de aventura e esporte de aventura, pelo Ministério do Turismo na tentativa de regulamentar os esportes (por eles chamados de práticas de turismo), competências de condutores e destinos que ofereciam essas práticas

Alguns desses “atores políticos” merecem um destaque no contexto atual das AFAN, por serem temas de discussão e, também, serem fundamentais para estas atividades, sendo abordados a seguir.

6.1. Unidades de Conservação

A partir da industrialização as populações urbanas vêem a degradação do ambiente urbano e olham para a natureza como um retorno a um paraíso do qual foram expulsos. O contato com a natureza é visto como algo desejável, que pode oferecer ao homem uma melhor vivência de sua condição humana, ou com o melhor que o homem pode ser. Nesse contexto são criadas as primeiras unidades de conservação, com o intuito de preservar áreas naturais da degradação que o homem lhes impõe, para que as populações urbanas possam desfrutar delas como visitantes (RIBEIRO, 2007)

Unidades de Conservação é o nome dado pela legislação brasileira às áreas protegidas, fazendo parte do sistema brasileiro de proteção ao meio ambiente, e são controladas pelo órgão federal ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), compondo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que foi instituído em 18 de julho de 2.000, através da Lei Nº 9.985. A unidade de conservação é um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Uma definição mais prática, Ribeiro (2007), afirma que as UCs são[...] As áreas naturais protegidas e sítios ecológicos de relevância cultural, criados pelo poder público. São áreas sujeitas a um regime especial de uso e ocupação do solo, manejo ecológico e recursos ambientais. A supressão ou alteração da área só pode ocorrer mediante lei do Poder Legislativo. Áreas destinadas a guardar e proteger amostras significativas dos ambientes naturais, da biodiversidade genética, das belezas cênicas e dos sítios históricos ou culturais, relacionados a objetivos ecológicos, culturais e econômicos, como exemplo estão parques, reservas ecológicas, áreas de proteção ambiental e áreas afins.

As atividades de Turismo de Aventura e as AFAN no Brasil surgiram em UCs ou no seu entorno, mais especificamente nos Parques Nacionais, ou PARNAS. Apesar de terem sido criados há vários anos, boa parte desses PARNAS existe legalmente, mas tem sérios comprometimentos ligados a questões fundiárias: muitas comunidades que ali moram não foram indenizadas pelas suas terras, o que impede a conservação efetiva da área delimitada. Com isso, não se pode implementar um plano de manejo, comprometendo o controle de visitação. (RIBEIRO,2007)

Podemos observar que as UCs, com o seu valor social e o com seu valor no imaginário do praticante, com suas imagens tanto reais quanto evocadas, como sendo um ótimo espaço de lazer e educação informal. As atividades nelas realizadas serão realmente educacionais somente quando bem planejadas e conduzidas, por profissionais preparados e competentes, proporcionando a vivência criadora de novas formas do ser humano agir e interagir com o mundo. (VIEIRA,2007) As UCs oferecem atividades educativas através da contemplação, apropriação, experienciação, reflexão, interiorização, tomada de consciência, emancipação e transcendência.

6.2. Turismo de Aventura e seus Órgãos e Associações

As AFAN têm um importante vertente que seria o Turismo de Aventura, que tem como ponto de contato direto a atividade econômica gerada por estas práticas e a de responsabilidade ambiental por depender diretamente de ambientes naturais e de seus elementos.

Devido à importância do Turismo de Aventura no contexto das AFAN, e que há uma certa discussão e incertezas sobre estes assuntos entre entidades representantes do Turismo e do Esporte, portanto iremos fazer uma breve abordagem sobre este tema, tendo como referencia o Diagnóstico de Turismo de Aventura realizado pela ABETA.

No Brasil, a primeira definição de Turismo de Aventura foi elaborada em abril de 2001, na Oficina para a Elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Aventura, o qual ficou definida como segmento de mercado turístico que promove a prática de atividade de aventura e esporte recreacional, em ambientes naturais e espaços urbanos ao ar livre, que envolvam riscos controlados exigindo o uso de técnicas e equipamentos específicos, adoção de procedimentos para garantir a segurança pessoal e de terceiros e o respeito ao patrimônio ambiental e sociocultural.

Esse foi o primeiro conceito de Turismo de Aventura estabelecido no País a partir de uma análise da realidade brasileira do segmento, naquele momento. O objetivo dessa conceituação era estabelecer as fronteiras do TA dentro de um contexto de mercado turístico mais amplo, tendo em vista um cenário de oferta e demanda do segmento.

O movimento turístico que atuam com “práticas de aventura de caráter recreativo e não competitivo” ou esporte recreacional, são fontes de grandes discussões entre profissionais da área do turismo e da educação física, estes últimos aparados pela lei 9.696/98, sendo que estas são consideradas por estes, atividades de Educação Física e só podendo ser atuadas por profissionais desta área.

Foram criadas a Associação Brasileira de Turismo de Aventura - ABRATAV1 - e a Associação Brasileira dos Esportes de Aventura - ABEA - com o propósito de debater diretrizes para o turismo e esportes de aventura. Contudo por questões políticas e regimentares, somadas à limitada disponibilidade de tempo dos envolvidos, tais associações foram extintas, muitas vezes, sem alcançar o objetivo principal para o qual haviam sido criadas.

Mesmo não cumprindo definitivamente o seu papel, essas primeiras associações tiveram importância na medida em que indicaram a necessidade de diálogo e de articulação entre os profissionais envolvidos no Turismo de Aventura e Esportes de Aventura e propiciaram uma primeira tentativa de aproximação entre eles.

Já na Adventure Sports Fair de 1999, ocorreu um amadurecimento nos debates, que foi caracterizado por uma vontade compartilhada por um maior número de pessoas em se aliarem busca de melhorias para o segmento. Esse encontro acabou culminando com a concepção da ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura) em 2003, patrocinada pelo Ministério do Turismo, sendo importante para o segmento de turismo de aventura e com alguns feitos, que eram emergenciais, na área do esporte de aventura.

A ABETA é uma entidade sem fins lucrativos cuja proposta é “promover o profissionalismo e as melhores práticas de segurança e qualidade entre os associados, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Turismo de Aventura no Brasil, em parceria estreita com os diferentes atores da sociedade, poder público e terceiro setor, buscando incentivar, deforma harmônica e ética, a preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural, assim como a prosperidade econômica dos associados e de seus colaboradores e dos destinos turísticos.

Em dezembro de 2005, a ABETA firmou convênio com o Ministério do Turismo para realizar o Projeto de Fortalecimento e Qualificação do Segmento de Turismo de Aventura, que tem como objetivo o fortalecimento, a qualificação e a estruturação do segmento turismo de aventura no Brasil, com ações voltadas para o desenvolvimento do segmento com qualidade, sustentabilidade e segurança. São cinco os objetivos específicos do projeto: fortalecimento e articulação de organizações representativas do segmento Turismo de Aventura; elaboração de planejamento estratégico para o desenvolvimento do segmento Turismo de Aventura com qualidade, sustentabilidade e segurança; desenvolvimento de conteúdo para treinamento profissional de condutores, e para estar de acordo com a lei 9.696/98 estes esportes ou atividades a serem conduzidas não são consideradas de Educação Física, e empresas que oferecem atividades de Turismo de Aventura; disseminação de conhecimento técnico relacionado à gestão empresarial e à operação responsável e segura no Turismo de Aventura e organização, qualificação e estruturação de Grupos Voluntários de Busca e Salvamento.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT -, engajada no processo de normalização do Turismo de Aventura no Brasil, juntamente com o Instituto da Hospitalidade que mantém um comitê dentro da ABNT, elaborou um conceito de atividades de Turismo de Aventura (2006) como sendo atividades oferecidas comercialmente, usualmente adaptadas das atividades de Turismo de Aventura, que tenham ao mesmo tempo o caráter recreativo e envolvam riscos avaliados, controlados e assumidos.

O cenário do Turismo de Aventura no Brasil é marcado por dualidades, segundo a ABETA. Uma parte das empresas, estimada em 20 a 40% do mercado pelos pesquisados, mostra-se capacitada para operar de forma segura e profissional, enquanto que 60 a 80% seriam organizações amadoras, com problemas diversos, que vão desde a falta de conhecimento técnico a problemas de gestão e de manutenção dos equipamentos, entre outros.

6.3. AFAN: Entre o Turismo e o Esporte

Segundo a ABETA (2005) o Turismo de Aventura se distingue dos esportes de aventura, radicais ou também chamados eco-esportes. Pois segundo o Ministério dos Esportes (2005), definidas no inciso III do art. 11, da Lei nº 9.615 instituída nos termos da Resolução nº 15, os esportes de aventura são o conjunto de práticas esportivas formais e não formais vivenciadas em interação com a natureza, a partir de sensações e de emoções, sob condições de incerteza em relação ao meio e de risco calculado. Realizadas em ambientes naturais (ar, água, neve, gelo e terra), como exploração das possibilidades da condição humana, em resposta aos desafios desses ambientes, quer seja em manifestações educacionais, de lazer e de rendimento, sob controle das condições de uso dos equipamentos, da formação de recursos humanos e comprometidas com a sustentabilidade sócio-ambiental.

Porém a ABETA afirma que estes esportes de aventura são diferentes dos praticados no turismo de aventura, pois são praticados por esportistas profissionais, e as vivências no turismo de aventura incluem atividades adaptadas ao entretenimento de leigos e, o mais importante não tem caráter competitivo. Portanto ela parte do pressuposto que para a atividade pertencer a uma atividade de Educação Física ela não pode ser praticada por leigos e sendo importante o caráter competitivo. Essa abordagem vai contra as características da Educação Física que podem ser praticadas por todos, independente do seu nível de habilidade e sem precisar ser de maneira competitiva, podendo ser recreativas como acontece com freqüência nas AFAN, sendo que as vivências de Turismo de Aventura, definidas pela ABETA, não terem diferenças sobre a definição de Esportes de Aventura definido pelo CONFEF.

Conforme o CONFEF (2009) pronunciou, neste contexto, o interesse do Ministério do Turismo no desenvolvimento das vertentes comerciais dos chamados esportes de aventura seria muito bem recebido, caso houvesse o entendimento de que a atividade turística deve, para sua própria longevidade e para a segurança da sociedade, estar atrelada à orientação de profissionais qualificados e habilitados para a realização das atividades corporais e esportivas na natureza, englobada pelas AFAN, que constituem seu objeto.

7. CAMPOS DE ATUAÇÃO

Uma das formas mais em evidência entre as possibilidades de vivência do lazer contemporâneo é a busca ou a necessidade implícita do reencontro do ser humano consigo mesmo, com o outro e com a natureza, propiciada pelos esportes de aventura (BETRÁN, 1996). Apesar da crescente demanda sobre as AFAN, bem pouca sistematização é presenciada. Há uma carência de ações concretas na intenção de resolver a problemática da formação profissional para atuar nesta área.

A quantidade de profissionais envolvidos nesta área, seja por motivos educacionais ou mercadológicos, cresce em igual proporção a procura da população pelas AFAN.

Podemos observar alguns desentendimentos entre as entidades que discutem as AFAN e isso reflete nos profissionais e futuros profissionais. E neste contexto algumas instituições de ensino superior, principalmente do curso de Turismo e Educação Física, estão oferecendo em suas grades disciplinas que estudam essa temática AFAN com seus diferentes olhares.

Por parte do Ministério do Turismo foi criado um Projeto de Certificação e Normalização das Atividades de Aventura. Entidades esportivas fazem suas críticas com relação ao cerceamento de direitos constitucionais referindo-se principalmente a Lei Pelé. O Ministério do Esporte criou uma Comissão Especial de Esporte de Aventura para discutir e refletir sobre essa questão. O CREF/CONFEF defende que o ensino, a orientação e a dinamização das atividades físicas sejam realizados por profissionais de educação física, em sinergia com as entidades esportivas que tem a incumbência de definir as normas e técnicas de cada modalidade.

Em um ambiente de amadurecimento, surge a necessidade de profissionais capacitados para aturem nesta área. Portanto é uma oportunidade aos profissionais de Educação Física, tendo como principais relações com as AFAN, segundo estudo de Carnicelli, Schwartz e Tahara (Anal 1), o preparo físico, à segurança, à promoção da saúde e do bem-estar, a possibilidade de realizar atividades diferentes no tempo livre, de propiciar aos alunos momentos de integração social e com a natureza, de poder desenvolver valores de cidadania e preservação do meio ambiente e, até mesmo, a descoberta dos limites de cada um favorecendo uma abordagem psicossocial de fatores como o medo e o prazer.

O processo de normalização e certificação das AFAN é de extrema relevância tanto para órgãos financiadores do turismo, lazer e do esporte, quanto para os indivíduos que buscam através destas práticas atitudes voltados para o lazer, como aqueles que se utilizam destas como um novo campo de trabalho (SILVA,2007).

Um profissional que tenha uma formação superior possui maior possibilidade de ampliar ou aprofundar seu campo de conhecimento, uma vez que esse tipo de ensino vale-se de saberes específicos e técnicos para desenvolver uma determinada prática, como de saberes que darão base para a formação humana, social, cultural, intelectual deste individuo (SILVA,2007).

Este estudo irá relatar brevemente algumas possibilidades de atuação de Profissionais de Educação Física voltados para as AFAN, dando destaque a profissões que estão em crescimento e as quais estes profissionais fazem diferença pelos conhecimentos adquiridos no curso superior.

- Professor Universitário

A abertura de disciplinas optativas e obrigatórias; cursos de extensão, graduação e pós-graduação das áreas de Educação Física, Turismo, entre outros, relacionados à temática em diversas faculdades e universidades do Brasil, fazem crescer uma demanda de profissionais altamente qualificados com domínio e profundidade dos conhecimentos na área e segmentos específicos das AFAN, para lecionar nestas instituições, levando a seus alunos conhecimentos atuais e importantes destas atividades.

- Professor Escolar

Com relatado no capítulo anterior, as AFAN têm grande importância pedagógica pelo seu potencial interdisciplinar, articulados por temas como esporte, meio ambiente, qualidade de vida, lazer, risco, comportamento, espaço e lugar; internalizando normas, valores e atitudes construídas pela sociabilidade geradas pelos sujeitos envolvidos nestas atividades.

Portanto o profissional do ensino formal que souber trabalhar com as possibilidades das AFAN, além de ter um diferencial no mercado, terá mais uma ferramenta para preparar os alunos para as exigências da sociedade.

- Educador ao Ar Livre

Este profissional trabalha com o objetivo de desenvolvendo aspectos como: preocupação do homem com o meio ambiente e sua preservação; os hábitos cooperativos para com o grupo; melhorar a percepção de seus limites, de suas deficiências e qualidades.

Instituições que promovem este tipo de ensino, como a Outward Bound e a NOLS, vêem crescendo nos últimos anos. Este tipo de programa promove, com a educação não formal, a preparação e o desenvolvimento do indivíduo podendo ter múltiplos enfoques, como comunicação, resolução de problemas, trabalho em grupo, diversidade/inclusão, liderança, tomada de decisão, educação ambiental entre outras.

Entre as competências deste profissional, tem destaque o conhecimento e habilidade com equipamentos e situações adversas da natureza, conhecimento de educação e psicologia para trabalhar com os alunos, entender os fenômenos naturais, aplicação de metodologias educacionais e instrucionais e as possibilidades e o ambiente próprio para a educação ao ar livre

- Treinamento Esportivo

Com a popularização das AFAN, aumentaram o número de esportes de aventura que tentam se profissionalizar, como também a ousadia de praticantes em supera limites.

Com isso é fundamental ter profissionais que saibam atuar diante destas situações que passam do caráter recreacional para visar o desempenho na atividade. O profissional de Educação Física é de fundamental importância para o sucesso destes praticantes.

Temos com destaque entre as AFAN de caráter competitivo as corridas de aventura e seus desafios para seu treinamento e atuação, e os de caráter recreativo, o alpinismo de altas montanhas devido ao estresse fisiológico o qual o praticante é submetido.

- Acampamentos

O acampamento, como uma AFAN, oferece aos alunos uma gama de práticas corporais que podem ser utilizadas como possibilidades pedagógicas buscando a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade.

Tem se observado, segundo Silva (2006), o acampamento como uma forma diferenciada de se trabalhar temas relacionados ao lazer, meio ambiente e formação pessoal. Tais possibilidades apontam para a viabilidade da introdução dessa vivência nas atividades de Educação Física formal e não formal, e não apenas como um evento, mas como atividades que oferecem uma gama de práticas que podem ser tomadas como conteúdos interdisciplinares.

Atentam-se ainda, para a necessidade da formação de uma grade curricular que proporcione ao acadêmico de Educação Física tais conhecimentos para a utilização do Acampamento, que proporciona através de sua vivenciação uma forma diferenciada e lúdica de discutir-se temáticas fundamentais para nossos tempos e, principalmente, uma possibilidade ímpar para a formação de cidadãos dentro do universo da cultura corporal. (SILVA, 2006)

- Condutores

O condutor, chamado de guia ou instrutor também, representa pessoas tecnicamente especializadas em alguma das vivências das AFAN e que devem zelar pela segurança, conforto e qualidade durante a atividade.

Assim, como uma das iniciativas para tratar a questão do turismo de aventura e tendo em conta os diversos fatores envolvidos em sua operação, em particular na garantia da segurança dos clientes, é apropriado que se estabeleçam requisitos focalizados nas competências mínimas consideradas essenciais e necessárias aos profissionais que atuam como condutores de clientes em empreendimentos que oferecem as atividades de turismo de aventura, independentemente de qual atividade esteja sendo oferecida, conforme a ABNT NBR 15285.

Os condutores também representam uma parte importante na vivência de situações emocionais, uma vez que orientam os praticantes a agirem nas diversas situações para garantir a segurança da atividade. Com base, muitas vezes, no comando do condutor, ou em sua forma de conduzir os participantes, estas emoções são modificadas em intensidade.

Aprender a utilizar a didática é fundamental para o trabalho desses profissionais, que têm como objeto principal à arte e a técnica de ensinar, a procurados melhores resultados em termos de aprendizagem, com o mínimo esforço e o máximo de segurança.

Existem atividades de turismo de aventura em que a atuação do condutor é um fator crítico na operação responsável e segura, pois demanda o estabelecimento de conhecimento e competências específicas complementares às competências mínimas comuns a todas as atividades.

- Treinamento Empresarial

Os desafios e incertezas do futuro das empresas que são colocados diante do acelerado avanço tecnológico sugerem a necessidade de investimentos numa dimensão de eficiência, reciclagem e preparação dos funcionários, de maneira que eles possam ser capazes de desenvolver o trabalho com qualidade e produtividade. Este cenário do mundo do trabalho impõe alterações na relação empregado-trabalho e empregador-empregado tornando, ao mesmo tempo, essa relação muito mais dinâmica, criativa, exigente, coorporativa e coletiva. (Marinho e Silva Anal II)

Os comportamentos evidenciados nas AFAN são semelhantes aos requeridos em um ambiente de empresa ou de administração. Por meio da Educação ao Ar Livre, o contato com a natureza, sem conforto e com desafios a serem superados, bem como limites pessoais, físicos e/ou psicológicos, os praticantes são expostos a situações que promovem o desenvolvimento pessoal. As vivências são percebidas como educativas, no sentido de serem transformadoras. (Marinho e Silva 2007)

Algumas características subjetivas das práticas das AFAN como a superação, a cooperação, a criação, o prazer, a interação entre participantes, trabalho em equipe, a confiança, solidariedade, descoberta, aventura, são importantes, também, no meio corporativo. Estes elementos quando trabalhados de forma adequado nas atividades tem capacidade de efetivar algumas mudanças qualitativas de caráter individual e corporativo nas empresas aprimorando a forma de interação dos funcionários quando submetidos a atividades coletivas, situações de grande superação, comportamentos de complementaridade de esforços, resolução criativa de problemas. (EVARISTO,2006)

Portanto sendo uma oportunidade profissional para Educadores Físicos este tipo de treinamento empresarial, o qual se torna importante em nossa sociedade em que empresas tendem a investir na qualidade de vida e aprimoramento de seus funcionários,

CONCLUSÃO

O estudo tentou abordar de uma maneira geral os temas das AFAN e seus avanços e situações no contexto da Pesquisas Científicas, Políticas Públicas e Campos de Atuação, não sendo possível uma abordagem mais específica de cada assunto ou mais abrangente, por se tratar de temas muito extensos.

Foi evidenciado que há um amento considerável das AFAN e que o homem descobriu nesta busca pela natureza novas possibilidades para seu desenvolvimento pessoal, o que reflete nos valores da sociedade, podendo gerar um movimento de transformação.

E este processo tem um potencial grande para crescer, pois o tema do meio ambiente tem sido cada vez mais ocorrente na sociedade, voltando o interesse da população. E o Brasil tem lugares privilegiados para a prática, tendo uma enorme possibilidade de ser referência regional e mundial para estas atividades.

As pesquisas científicas têm demonstrado um grande avanço sobre o tema, porém há muito a ser desenvolvido e investigado, principalmente na área de Educação Física, que recentemente começou a reconhecer as AFAN como área do seus conhecimentos e de sua atuação. Tendo fundamental importância os Congressos, Periódicos e Laboratórios que abordam este tema.

Há também, uma grade discussão, o que às vezes faz parecer uma disputa entre entidades do Turismo e Esporte para delimitar seus espaços de domínio. Do ponto de vista pessoal, a ligação do Turismo com as atividades esportivas das AFAN vem principalmente da questão econômica que estas geram. Devido a este grande interesse há uma negligencia e irresponsabilidade, podendo ser até ilegal, na contratação de profissionais qualificados e habilitados para a realização das atividades corporais e esportivas na natureza, os quais não são profissionais do turismo, mas os Educadores Físicos que tem o corpo de conhecimento apropriado para esta atuação.

Pode se vir no mercado, uma formação precária dos profissionais desta área. Muitos sabem somente a prática da atividade, não dando atenção a suas múltiplas possibilitas e exigências, e se tratando de atividades de risco, esta desinformação pode colocar em risco a segurança dos praticantes, ou uma realização sem significado ou desinteressada.

Portanto foram abordadas algumas profissões em destaque na sociedade as quais os profissionais de Educação Física estão preparados para atuar. Porém se tem visto que há uma falta de apoio no ensino superior que em muitas ocasiões não conhece estas atividades e suas possibilidades, portanto ocorre que os alunos se tornam profissionais, mas não dominando o conteúdo destas práticas o que vai gerar uma atuação deficiente perante as exigências da sociedade.

Tendo em vista as abordagens dos temas realizadas neste trabalho, se conclui que as AFAN têm uma enorme possibilidade em diversas atuações do profissional da Educação Física e uma grande potencialidade no território brasileiro. Porém há muito o que se amadurecer tanto do ponto de vista político quanto do ponto de vista científico, o que gerará uma maior desenvolvimento e estabilidade para as AFAN.

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