A dieta do tipo sanguineo
- Caio Poletti
- 3 de mai. de 2020
- 4 min de leitura
A DIETA DO TIPO SANGUÍNEO

Lectinas
Trata-se da única classe de proteínas presente na natureza que é encontrada em animais, plantas, microorganismos, etc. As lectinas (hemaglutininas) são proteínas, não pertencentes ao sistema imunológico, porém capazes de reconhecer sítios específicos em moléculas e ligar-se a carboidratos na superfície celular, podendo ser caracterizadas e detectadas por sua habilidade em aglutinar eritrócitos, em certos casos com alta especificidade
Os eritrócitos possuem em sua superfície uma grande quantidade de glicoproteínas e as lectinas se encaixam exatamente nos terminais de açúcar presentes na membrana dos eritrócitos, causando o que é denominado de aglutinação de hemácias.
Além dessas propriedades, as lectinas podem promover estimulação mitogênica de linfócitos e aglutinação de células cancerosas
O Naturopata procurou encontrar relações entre o tipo sanguíneo e a dieta mais adequada, baseando-se no fato de o sangue ser o responsável por levar nutrientes para as células e os tecidos corporais.
A receita
Como já foi dito neste trabalho, cada tipo sangüíneo deve seguir dietas específicas. Para cada grupo sangüíneo, os alimentos foram definidos pelos autores como;
Benéficos: alimentos que previnem e tratam doenças.
Neutros: alimentos que não previnem doenças, porém também não prejudicam a pessoa.
Nocivos: alimentos que podem agravar ou causar danos a pessoa.
O guia primordial da dieta do tipo sangüíneo pretende argumentar de maneira lógica a tese de que a origem dos grupos sanguíneos estaria ligada a acontecimentos da evolução da raça humana (segundo o autor cada um deles teria se desenvolvido separadamente em diversos momentos da evolução da espécie). Essa especificidade seria o ponto chave para explicar a tolerância desses indivíduos a determinados tipos de dieta.
Os tipo O (46% da população), supostamente pertenceriam ao grupo genético mais antigo, possuindo tratos digestivos resistentes e sistemas imunológicos superativos, deveriam se alimentar basicamente à base de carne vermelha, à fim de satisfazer seus genes antigos de caçador.
Os primeiros tipos A (hoje, 40% da população) evoluíram após o início da sociedade agrária, e eram caracterizados por tratos digestivos sensíveis, e assim, sendo melhor adaptados à dietas com abundância em vegetais.
sangue tipo B (somando cerca de 10% da população atual), as quais representam a época nômade de nossa história. Esses povos, de acordo com os estudos desenvolvidos pela “família” D’adamo, possuíam seus tratos digestivos mais tolerantes, e poderiam ser os únicos a se aventurarem em produtos lácteos, além de serem permitidos a fazer outras escolhas em suas dietas, por exemplo, comendo carnes.
sangue AB (4% da população), uma adaptação relativamente recente, sendo uma “mistura” dos grupos A e B, se mostrava o grupo mais adaptativo de todos, possuindo os “benefícios e tolerâncias” (se é que podemos chamar assim), dos grupos A e B, e, não obstante, sendo o tipo de sangue mais raro entre todos .
Posteriormente, novas descobertas levaram a um aperfeiçoamento maior das recomendações da dieta. Essas descobertas dizem respeito ao fato de os indivíduos liberarem ou não os antígenos em suas secreções. Embora todas as pessoas possuam os antígenos de sistema ABO no sangue, algumas delas têm também este antígeno em suas secreções (saliva, urina, espermatozóides e mucos).
Cada ser humano é único, tem um código genético próprio e diferente de todos os outros. Baseando-se nesta afirmação D’Adamo diz que não existe uma dieta única e um estilo de vida que sirva a todos. Então, o estudo do tipo sangüíneo nos ajudaria a compreender qual a melhor forma de viver em harmonia com o nosso genoma, para desfrutarmos de mais saúde e longevidade.
As lectinas segundo o autor
Segundo D’adamo, as lectinas são proteínas presentes nos alimentos que reagem com os antígenos do sistema ABO causando aglutinação das células do sangue, ou seja, um alimento pode ser nocivo às células de um tipo de sangue e benéfico a outro.
Assim, ingerir alimentos contendo lectinas incompatíveis com o seu grupo sanguíneo, causaria aglutinação sanguínea, podendo, inclusive, ocasionar lesão no órgão onde a aglutinação ocorreu.
Em tempos remotos, até mesmo antes de Cristo, lutadores deduziam erroneamente que, sendo o músculo uma estrutura basicamente composta por proteínas, quando se ingeria grandes quantidades de carne vermelha, sua força para as batalhas era aumentada.
Porém, de acordo com estudos de, quando há uma ingestão de proteínas além das necessidades diárias implica em sobrecarga orgânica, que, consequentemente provoca déficit energético e com isso, o indivíduo deveria elevar seu consumo calórico diário.
Além disso, um aporte protéico elevado promove certas alterações na funcionalidade renal,
Refutando a teoria
Considerações sobre o sistema ABO
Outra explicação que vai contra as idéias de D’Adamo é a que se baseia no senso evolutivo darwiniano de que é improvável que os antígenos A e B (normais) tenham evoluído do tipo “O” (anormal).
Há também indícios de que o sistema imunológico não é totalmente dependente do sistema ABO, como por exemplo, a infecção pelo bacilo Helicobacter pylori, que é mais comum em indivíduos tipo “O”, o qual deveria ser o mais “protegido” por conter os dois anticorpos (Anti-A e Anti-B)
O sistema ABO é capaz de detectar antígenos A e B através dos anticorpos Anti-A e Anti-B, mas não é capaz de detectar outros invasores maiores, não protegendo o organismo por si só, portanto é um tanto quanto contraditório afirmar que grupos sanguíneos são a “chave” para o sistema imunológico.
Considerações sobre as Lectinas
Com base na literatura cientifica é possível comprovar que lectinas podem causar danos ao organismo. Porém é importante frisar que essas substâncias apresentam diferentes propriedades hemaglutinantes quando testadas com eritrócitos de diversos animais. No entanto, para os seres humanos, apenas algumas delas apresentam toxicidade interagindo com eritrócitos ou apresentando especificidade para determinadas células, enquanto outras não apresentam qualquer reação adversa.
A partir dessas conclusões, é possível contestar a veracidade das afirmações de D’Adamo a respeito do efeito de um determinado tipo de alimentação (contendo Lectinas específicas para os indivíduos de cada tipo sanguíneo) sobre o trato gastrintestinal dos mesmos, visto que a maioria dos alimentos que as contém são consumidos após aquecimento ou cozimento, procedimento esse capaz de inibir suas possíveis ações.
Assim, podemos dizer que, não apresentando bases científicas relevantes em sua obra, se é que existem, que comprovem resultados relacionados com suas possíveis hipóteses, Peter D’adamo, no mínimo, teme sua caracterização como integrante do extenso grupo do charlatanismo.
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