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Historia Familia Poletti no Brasil

  • Foto do escritor: Caio Poletti
    Caio Poletti
  • 22 de abr. de 2020
  • 14 min de leitura

ORIGEM NA ITALIA E IMIGRAÇÃO - RIZZIERI POLETTI


Rizzieri Poletti, nascido no ano 1874, filho de Antonio Poletti e Barbara Civolani e natural de Poggio Rusco, uma comuna italiana da região da Lombardia, província de Mântua (Mantova), norte na Italia. Vivia em uma pequena cidade de solos muito férteis e úmidos, eram apropriadas para atividade agricultas, razão pela qual seus cidadãos eram agricultores por excelência. países Até a unificação, realizada por Garibaldi em 1870, a Mantova estava ocupada por militares do vizinho império austríaco, que, entre outras intromissões políticas, econômicas e culturais, erguiam odiosas barreiras alfandegárias para controle do tráfico de pessoas e mercadorias entre as várias províncias. A polícia, a magistratura, o fisco e os órgãos de censura à produção cultural considerada subversiva eram prerrogativas austríacas que tiranicamente importunavam a vida diária dos habitantes das províncias do Vêneto, da Lombardia, de Piemonte e outras regiões setentrionais. Os habitantes rurais dessas regiões, como eram os antepassados da Família de Rizzieri, caracterizavam-se por um forte apego emocional ao solo, ao vilarejo, à pequena propriedade da qual provinha seu parco sustento, à família e vizinhança, aos laços sociais de todos os tipos, à tradição local. Mas a situação política vigente dificultava sua identificação nacional com o vizinho de outra região, com seus vários dialetos, porque para deslocar-se de uma a outra era preciso passar por uma alfândega e exibir passaporte. A Itália não era um país, não era uma nação, mas um mosaico cheio de cercas, composto por oitenta portentosas cidades-Estado autônomas.. Uma linda terra, mas não um país. O sentimento nacionalista na Italia começa a ressurgir logo antes de Rizzieri nascer, quando tropas Italianas marchavam ruma ao norte para expulsar o exército austríaco que estava a anos ali presente. Nesse movimento, as doutrinas socialistas e anarquistas se fizeram muito presente onde teve grande empatia pela família Poletti na região de Poggio Rusco e consequente influencia na criação de Rizzieri e seus irmos. Por volta de 1860 ou 1870, no alvorecer da revolução industrial e política na Europa, as transformações correm rápidas: os capitais começam a se concentrar, gradualmente novas tecnologias são introduzidas, a mão-de-obra já não encontra mais alocação remunerada, os impostos sobem, a divisão da terra em decorrência de processos hereditários passa a tornar a pequena propriedade improdutiva.  Por volta de 1880, a Italia passa por uma crise onde cresce o numero de pequenos agricultores com dificuldades para subsistir. O preço para vender os alimentos cai, os impostos se multiplicam, os quinhões de terra são reduzidos, finalmente surgindo o ameaçador espectro da falta de trabalho e da miséria. O avanço da miséria na Itália paradoxalmente acompanha a concentração de capitais, as inovações tecnológicas, as novas relações internacionais e a pungente intensificação do sentimento nacional. Ja não daria para viver como antigamente, ou seja, cultivar lavouras de trigo, uva, azeitona, arroz, milho, como faziam os avós  e vender aquela produção localmente para manter a família. Todo um contingente de mão-de-obra rapidamente passou a se deslocar grandes distancias até firmar-se como emigração sem volta. Tanto se sonhou, tanto se esperou pela aurora dessa pátria desejada... ela surge, à sua moda, mas ela não segura no colo, não aquece, não dá segurança, não alivia a ansiedade, não protege, não abriga indistintamente aos que têm e aos que quase já não têm mais nada. "Que coisa entendeis por uma nação, Senhor Ministro?  é a massa dos infelizes?  Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco.  Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho.  Criamos animais, mas não comemos a carne.  Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa pátria?  Mas é uma pátria a terra em que não se consegue viver do próprio trabalho?"  (resposta de um italiano a propósito das razões que estavam ditando a emigração em massa) A recém unificada Italia, com uma grave crise financeira, incentiva a população de pequenos agricultores que partam a outros países. E de supor que interessasse à pátria esse descomunal êxodo, visto que no seu avesso descobriu-se um vigoroso processo de geração de renda no exterior. Rizzieri, oriundo de família humilde em 1983 com apenas 18 anos de idade, sozinho, desacompanhado de qualquer parente, cheio de coragem e esperança embarcou do Porto de Genova com destino ao Brasil. O embarque no porto de Gênova era mais ou menos assim: as pessoas viajavam, mesmo em pleno inverno, vindas de longas distâncias, de carroça, a cavalo, a pé, como fosse possível. Nas proximidades do velho porto, grupos que se formavam dormiam nas ruas até a hora do embarque, crianças sozinhas, mulheres grávidas ou com bebê no colo, idosos decididos a enfrentar a difícil aventura, com sacolas, um saco de grãos, algumas frutas secas, um queijo, um pão. Seriam vinte dias no mínimo pela frente. Alguns dispunham de passagem paga pela Sociedade Protetora de Imigração Brasileira, alguns se arriscavam por conta própria, alguns poucos eram remediados e tinham posses. Rizzieri deixou na Italia alem dos pais 7 irmãos mais novos, pela ordem de sua idade, Maria Luigia 1976, Palmira 1879; Doresilla 1881; Iride 1885; Zulmira 1889; Constante em 1891 e Domenica em 1897.




CHEGADA AO BRASIL - RIZZIERI POLETTI

No Brasil, o regime escravista estava chegando ao fim. Repor mão-de-obra escrava, a partir de 1880, já não compensava mais. A imigração europeia era grande solução para a substituição para a mão de obra escrava. Os Italianos, chegam em levas numerosas, desembarcavam no Porto de Santos e logo levados para as hospedarias, conhecidas como “Hospedaria dos Imigrantes” Criadas com a finalidade de Expedição de um documento denominado “Registro de Estrangeiros” mais conhecido como Carteira Modelo 19, onde permaneciam confinados por dias como prisioneiros aguardando encaminhamento para as fazendas de Café, principalmente no "Oeste novo", regiões de terra roxa abarcando a região de Ribeirão Preto a Casa Branca.



No Oeste Novo, antigamente habitado por índios das etnias kaingang, terena e guarani, com suas vastidões cobertas de matas e um solo de cor vermelha  terra rossa (que acabou em português sendo denominada "terra roxa", um tipo de solo que se revelou fertilíssimo) , é precisamente nessa área que uma nova mentalidade econômica toma corpo. Os fazendeiros agora querem produzir café de um modo novo, assalariando um trabalhador mas jamais os negros, mesmo com a perspectiva de que logo seriam libertados da condição escrava , trabalhador esse capaz de consumir bens com seu salário. E, poderíamos dizer, branco, e não negro, por injunções de ordem simbólica, já que essa mentalidade fazendeira de vanguarda almejava a implantação de uma nova ordem sociopolítica e cultural. As primeiras experiências de assentamento de colonos europeus, alemães, suíços ou italianos vêm dos idos de 1840, por iniciativa de empreendedores como o comendador Vergueiro, por exemplo, sem que lhes faltasse certa aura romântica ou mesmo anarquista. Rizzieri desembarcou no Porto de Santos 02/05/1897 e após a passagem obrigatória na Hospedaria dos Imigrantes, ja referida foi encaminhado para trabalhar numa fazenda próxima a um povoado conhecido por Dobrada, no então Oeste Novo. Não se deu bem a sua nova cidade. Os princípios de um amor pelo Brasil receptivo logo se fazem acompanhar por um ressentimento pelo país que obriga a trabalhar de maneira abusiva e passa desdenhosamente a denominar seus novos moradores de carcamanos. Como era livre e não escravo, veio para um povoado conhecido com por “Campin”, que viria a ser Candido Rodrigues, posteriormente. Saulle Borghi, italiano, também nascido em Poggio Rusco, filho de Giovanni Francesco Borghi e Lucia Tamassi, havia chegado anos antes ao Brasil. Foi muito bem sucedido e virou proprietário de uma grande área de terra de plantio de cafe e limão galego na então chamada de então Campin. Em Campin, Rizzieri muito jovem e inexperiente, passou a receber apoio e orientação de italianos de mais idade principalmente de Saulle Borghi, grande amigo dos pais de Rizzieri que ainda vivia na Italia, e que tinha origem na mesma comuna e, nesse tempos, ja era bem sucedido financeiramente, era proprietário de grandes propriedades e tinha forte influencia sobre seus compatriotas. Campin cresceu com a chegada da antiga Estrada de Ferro Araraquarense. Borghi doou as terras que havia sido compradas de João Prandi para a construção da nova estação. A então Campin, começa a ser chamada de Albuquerque Lins e posteriormente Candido Rodrigues. Acredita-se que o início da nova denominação tenha surgido quando Saulle Borghi e sua mulher registraram as primeiras escrituras de vendas de terrenos do loteamento da antiga Campin no cartório da cidade de Monte Alto. Sao Paulo crescia vertiginosamente pelo fortalecimento de sua economia. Grande parte dos Italianos recrutados para Lavoura, evadiu para a zona urbana, tornando-se operários das Fabricas que se abriram, alem de inumaras outras profissões decorrentes. A segregação imposta ao “carcamano”, nos seus primeiros tempos, perdia intensidade paulatinamente em razão do espirito alegre e comunicativo do italiano. O rico comercio de cafe alimentava uma serie importante de industrias correlatas de transportes, maquinas e implementos agricultas, fabricacao de sacarias, fundições, serrarias eta etc. Muitos italianos e descendentes souberam aproveitar, ganhavam dinheiro e competiam com os antigos fazendeiros de cafe. Rizzieri seguiu caminho não convencional, aventurou-se no ramo Imobiliário comprando e vendendo terrenos, casas e propriedades rurais, no que se deu bem. Aproveitou o desmembramento das terras de seu amigo, Saulle Borghi entre outros grandes fazendeiros e a melhoria financeira de imigrantes que trabalhavam na região. Não ficou rico mas ganhou o necessário para proporcionar conforto e estudo aos familiares e amigos. A maioria dos italianos permaneceram labutando na lavoura e no decorrer do tempo, e com o trabalho de Rizzieri, a maioria deles tornou-se proprietários de imóveis urbanos e agricultas. Em 1912 comprou a propriedade de Saulle Borghi onde viria ser o primeiro Grupo Escolar de Candido Rodrigues e ,hoje, onde se encontra a prefeitura. Em 1919, comprou a propriedade na entrada da cidade vindo de Taquaritinga, fazenda chamada de Serrinha com 18 mil pés de cafe, 20 alqueires e uma paisagem linda. Essa propriedade tinha grande apreço por Rizzieri, e acabou sendo vendida em 1934.


EDUCAÇÃO E CULTURA - RIZZIERI POLETTI


Candido Rodrigues tornou-se uma comunidade com costumes e hábitos italianos dada a grande concentração de oriundos. Falavam o “dialeto” falado da região norte da Italia pelas ruas e não o italiano clássico. Eram originários de um lugar berço das artes e da musica, Mantova, hoje e considerada a Capital da Cultura na Italia. Ja que não puderam propiciar para si durante a vinda ao Brasil, os imigrantes italianos procuraram desenvolver este aspecto cultural para as futuras gerações. Rizzieri era uma grande entusiasta e incentivador da educação e cultura, propiciou condição para seus filhos estudarem tanto que dois deles tornaram-se professores da escola que hoje leva o seu nome. Ele não media esforços para ter a presença constante de professores italianos, contratados de Sao Paulo, para ministrarem aulas aos jovens de sua povoado. Grupos teatrais e musicais italianos, contratados da mesma maneira, se apresentavam nas ruas e praças, incentivando os jovens a formarem grupos e apresentarem pecas teatrais e performance musicais. Nessas atividades, filhos de Rizzieri tinham a responsabilidade de dar o exemplo e atrair o interesse dos mais jovens a parte cultural e, este, a frente na condição de patrocinador e incentivador. A colônia italiana da comunidade Rodrigues depositava esperança em seus filhos. Preocupava-se com o saber dos mesmo para prepara-los para o futuro. Queria propiciar a eles uma vida melhor. Muito melhor d aquela que tiveram. Essa razão da chamado, no principio, de professores italianos e grupos teatrais. Naquele tempo os órgão públicos nada ofereciam neste particular, mesmo mudando Posteriormente com o surgimento dos grupos escolares houve uma sensível melhora pois os professores, agora brasileiros, era extremamente dedicados e capacitados, faziam da profissão um verdadeiro sacerdócio. Porem as aulas era ministradas nas condições mais precárias, sem quadros negros, sem carteiras e sem sanitários higiênicos e por ai afora. Foi quando, naquele passado distante, iniciou-se um movimento objetivando a conquista de um predio que atendesse a condições necessárias para o bom e descente do bom funcionamento do grupo escolar. Foi ai que Rizzieri ofereceu gratuitamente, um imóvel que possuía em uma ruma central**** onde hoje e a prefeitura - se propondo a realizar a suas dispensas da reforma necessária, adaptando o predio com sala da diretoria, da secretaria, salas de aulas, sanitários, galpão de recreio etc. e sem pagamento de aluguel. Somente nos últimos anos de ocupação do predio o Estado iniciou o pagamento de aluguel de valor simbólico, ou seja, muito aquém do valor real. O predio foi tão bem construído e apropriado que, por um longo período, atendeu as necessidades para um bom ensino primário. Essa situação perdurou ate o estado construir pedir próprio para agrupar o grupo escolar. Cabe ressaltar o espirito altruístico de Rizzieri. Muito embora estipulado o valor do aluguel para formalizar a ocupação do imóvel pelo poder publico, Rizzieri jamais fez questão de recebe-lo e pleitear a atualização desse valor. Não se preocupava com essa situação. Movia-lhe o sentimento e o orgulho de prestar um grande serviço a comunidade, nunca obtendo vantagens pessoais. Rizzieri não era apegado ao dinheiro, característica que seus descentes seguiram a risca,. Hoje, Candido Rodrigues, declarado município desde XX, muito embora não seja uma cidade de grande porte, e dotada de todos os melhoramentos e requisitos essenciais para o bem estar de sua população, principalmente na área da educação, tanto que possui 2 magníficos prédios com excelente estrutura e corpo docente. Um de Ensino fundamental e outro de ensino medio ambos identificados com o nome de Rizzieri Poletti. Homenagem Póstuma A Preocupação de Rizzeri com o ensino publico, como bem ressaltado neste trabalho.foi reconhecida pela comunidade Rodrigues** tanto que os órgãos públicos atendendo reclamos de munícipes e autoridades competentes, prestaram significativa homenagem a Rizzieri Poletti, com a denominação de seu nome ao estabelecimentos de ensino supracitados (15 de agosto de 1968) , ocorrendo a fixação das placas alusivas, em ato solene, no dia 31 de outubro de 1968, com os dizeres Grupo Escolar RIzzieri Poletti “Incansável Aliado ao Ensino Local”. 31 -10- 1968



VIDA E FAMÍLIA - RIZZIERI POLETTI

No período da grande imigração os paulistas de “400 anos” não admitiam que as filhas se quer olhassem e muito menos se unissem pelo casamento com italianos. Em tom jocoso chamavam os italianos “carcamanos” a propósito: “Carcamo pe de chumbo, Calcanhar de frigideira, Quem te deu confiança, De casar com brasileira” Decorrido alguns anos após sua chegada ao Brasil, Rizzieri casou-se com Arthemide Botura e dessa União nasceram oito filhos e residiram em Candido Rodrigues por toda sua existência. Arthemide Bottura, quatro anos mais jovem que Rizzieri, era também natural da Italia, filha de Angelo Bottura e Maria Olean da, também, região de Mantova. Dessa bela união nasceram os filhos.: - Ardito Poletti, casado com Helia Azollini - Alba Poletti, casada com Vicente Romano - Ada Poletti, casada com Alfredo Jorge - Alceste Engole Poletti, casada com Zulmira Clini - Noris Poletti, casada com Luiz Nunes - Elza Poletti, casado com Artebano Prandi - Walter Poletti, casada com Maria A. Pereira - Gioliva Poletti, casada com Antero Donnini


Um do fatos mais importantes entre 1917 e 1922 foi o agravamento da questão social, pela maior conscientização dos trabalhadores e dos intelectuais de esquerda, um período de agitação social sucessivas, com a formação do partido comunista o qual era continuador no plano ideológico da tradição Anarquista e Socialista. O anarquismo penetrou no no Brasil na década de 1870 trazida por imigrantes italianos e espanhóis. Começaram a surgir panfletos destinados a difusão da doutrina e métodos de ação. Candido Rodrigues, se constituiu em mais um reduto do Anarquismo, pelo menos na defesa teórica dos seus ideais, ja que cando Rodrigues não oferecia condições para movimentos concretos. Rizzieri era fervoroso adepto ao Anarquismo. Seus ideias vinham por meio de sua criação antes de sua chegada ao Brasil, da recém unificada Italia, e de seus pais que passaram suas ideologias a seus filhos. Essas ideias foram impulsionadas pela maneira que a região do “Novo Oeste” foi desenvolvida e sua população, em sua maioria Italianos do Norte. A Igreja católica combatia o anarquismo pela palavra de seus padres o as vezes gerava uma animosidade mutua. Por esse motivo, muitos adeptos do anarquismo se afastaram da Igreja, embora jamais deixassem o Catolicismo, enraizado nos italianos por suas próprias origem e tão importante na região de Mantova. Foi o caso de Rizzieri, era católico, embora não frequentasse a Igreja e, ainda mais, tendo um de seus melhores amigos o próprio Padre. Rizzieri defendia a liberdade. Acreditava que a liberdade so era verdadeira quando não era subordinada a nada e a ninguém. A ideia de que a supressão de todas as formas de dominação e opressão vigentes na sociedade moderna daria lugar a uma comunidade mais fraterna e igualitária. Mas a igualdade e a solidariedade comunitária seriam resultados de um esforço individual a partir de um árduo trabalho de conscientização. Acreditava que com cultura e educação, as próximas gerações iriam tomar atitudes sabias que diferenciassem o momento histórico que viveu na Italia e, consequentemente, no Brasil. Ele era reconhecido por ser uma pessoa honesta e solidária, ajudando, diversas vezes, a aquisição de terras para agricultura para seus contemporâneos. Fazia do seu discurso ideológico, suas acoes defendendo a liberdade dos indivíduos, solidariedade (apoio mútuo), coexistência harmoniosa, autodisciplina, responsabilidade (individual e coletiva) e uma forma de gerenciamento baseada na autogestão. Jenner, Bisneto de Rizzieri, gostava de ouvir historias da família contada por sua Mae Gladys pelo que tinha ouvido e pelas informações que foram por seu Tio Ayrton, resolveu passar para o papel lembranças do seu avo Rizzieri em jornal local, publicou o bem elaborado o artigo que por merecimento e sua autorização passa a fazer parte deste trabalho. Essa crônica, com o Titulo “Rizzieri Poletti, meu bisavô anarquista” segue transcrita baixo: “Rizzieri Poletti, meu bisavô anarquista Olhei esse mundo sem fim de terras boas, meu camarada Alazão. Sinta o cheiro da florada dos cafezais, do estrume do gado, da lenha queimando no fogão.. Valeu a pena. Mantova era bonita, mas aos poucos vou me esquecendo dela. Essa e a nossa nova terra, onde meus pais descansam felizes e será meu repouso também. Aqui plantei minha semente e elas germinaram fortes. E um dia, não me pergunte como, eu sei, eu sinto, um neto de meu filho vai querer saber desse seu antepassado, e sua Mae lhe contara historias e ele terá orgulho e ficara feliz, pois sou honrado e, se não creio em Deus, acredito demais nos homens. Com estas Maos contraiu a escola para as crianças e de meu bolso paguei o salário dos professores italianos, e quantas vezes fomos buscar de trole o aluno gazeteiro em sua casa… Sem educado não ha progresso! E o barracão do cinema, como ficou bonito - e com orquestra, para dar mais emoção. E que bailes de carnaval… você não viu, cavalo não pode entrar, mas eu te conto tudo, não precisa ficar amuado, ha coisas de homem. E coisas de bicho, a vida e assim. Mas a festa de 1 de maio… que beleza! Desde a alvorada a banda tocando de casa em casa e os moradores servindo bebidas, e no final do dia os músicos desafinando que da gosto. Trabalho e diversão, que ninguém e de ferro. Sou anarquista. Não aceito governos, o quadro de Valzacchi, simbolizando liberdade, com a heroína ostentando uma tocha e pisando armas de guerra, enfeita a parede de minha sala, em vez de quadro de santos. E, se as vezes banco imprecações contra a igreja e porque a considero enganadora e porque sou italiano, nos somos assim. E não adianta o padre reclamar. Se me relaciono bem com as pessoas a minha volta, estou bem com Deus, seja ele quem for. E digo mais: Deus esta dentro do ser humano, em sua casa e não nas alturas inatingível. Preciso me lembrar desta frase para dize-la ao padre (ele vai ficar louco da vida…) Veja meu amigo, o sol esta se pondo, e hora de retirada, uma deliciosa macarronada me espera. Esta noite teremos convidados para jantar; o genro árabe, o farmacêutico negro e… o padre, apesar disso, meus melhores amigos, principalmente o ultimo que não desgruda. Acho mesmo que quando chegar meu momento de partida, ele estava ao meu lado, segurando a minha mão. E a vida e a vida e contraditória, mas vale a pena. Jenner Fleming Lui Sao Paulo, 20 de Junho de 2000 ” Por este texto de Jenner, vamos reavivar, ou seja, tornar marcante alguns fatos: Rizzieri foi um grande incentivador do ensino publico como bem demonstrado. “Sem educação não ha progresso”, sua obstinação. Não acredito em Deus, afirmava, mas acreditava tanto que dizia que Deus esta dentro de cada ser humano. Era católico mas não apoiava as Instituições Religiosas. Racista, jamais. Bem ao contrario, seus grandes amigos o genro árabe (Alfredo Jorge, casado com Ada), o farmacêutico negro, Nunes, e o Padre. Anarquista, sim. O anarquismo era uma doutrina que permeava todas as suas acoes. Alazão, era seu cavalo, belíssimo exemplar da raça árabe. Para ele não era simplesmente um animal, mas seu grande companheiro. O quadro citado na crônica, heroína com uma tocha nas mão pisando armas de guerra, era uma pintura e não simples gravura em tela grande e emoldurada simbolizando a liberdade como foi dito. Havia mais um quadro de mesmas proporções pendurado ao lado emoldurado uma figura Uma bigorna um martelo e uma foice entrelaçados para o simpatizante das doutrinas Anarquista e Socialista. Estes quadros permaneceram pendurados em sua sala de jantar e despertavam grande curiosidade a que os frequentavam. Esses quadros desapareceram logo após a morte de Rizzieri, consequência do simbolismo que representaram. Faleceu em 9 de agosto de 1948 em Candido Rodrigues, sua cidade de coração, com 74 anos de idade. Sua esposa, Arthemide Bottura, faleceu antes, 12 de agosto de 1939, com 61 anos de idade, casados em primeira e únicas núpcias, no regime da comunhão universal de bens. Rizzieri deixou muitos legados na cidade de Candido Rodrigues, como também, ele serve de exemplo para seus familiares e futuras gerações por ser um homem que batalhou por seus sonhos de maneira altruísta e por sempre acreditar nas pessoas como ferramenta transformadora de uma sociedade justa, solidaria e alegre.


Ariel Gladystone Poletti

Caio Poletti Romano


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